domingo, 11 de agosto de 2024

"Ao Luar" - Poema de Augusto dos Anjos


Joaquín Vayreda (Pintor espanhol, 1843 - 1894), Salida de la luna, 1883, Museo de Montserrat.
 
 

Ao Luar
 

Quando, à noite, o Infinito se levanta
A luz do luar, pelos caminhos quedos
Minha tátil intensidade é tanta
Que eu sinto a alma do Cosmos nos meus dedos!

Quebro a custódia dos sentidos tredos
E a minha mão, dona, por fim, de quanta
Grandeza o Orbe estrangula em seus segredos,
Todas as coisas íntimas suplanta!

Penetro, agarro, ausculto, apreendo, invado,
Nos paroxismos da hiperestesia,
O Infinitésimo e o Indeterminado...

Transponho ousadamente o átomo rude
E, transmudado em rutilância fria,
Encho o Espaço com a minha plenitude!


Augusto dos Anjos, Outras Poesias


 

“Sentimento que não espairo; pois eu mesmo nem acerto com o mote disso ― o que queria e o que não queria, estória sem final. O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. 
O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito ― por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.” 

Guimarães Rosa (1908-1967), Grande Sertão: Veredas, página 293.
 

Joaquín Vayreda, Campo de Alfalfa, 1880-83, Museo de Montserrat.
 
 
"Longe, sob o sol, estão minhas mais elevadas aspirações. Talvez não as alcance, mas posso ver sua beleza, crer nelas e procurar seguir seu rumo."

Louisa May Alcott, "Work: A Story of Experience", 1873.
 

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