domingo, 11 de maio de 2025

"Lembra-te que há um querer doloroso" - Poema de Hilda Hilst

 

Édouard Manet (French modernist painter, 1832–1883), In the Conservatory, 1878-1879,
Alte Nationalgalerie, Berlin.
 
 
 Lembra-te que há um querer doloroso 


Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licencioso, indigno, a que chamam desejo.
Há o caminhar um descaminho, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordinário turbilhão.
Porque me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva nas tuas veias? 


Hilda Hilst
, in 'Do Desejo', 1992

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