domingo, 4 de maio de 2025

"A Minha Mãe" - Poema de Américo Durão

 


Francesco Valaperta
(Italian painter, 1836 - 1908), "Who loves me most?", 1883.
 Private collection.


A Minha Mãe


Lembra alvuras de cisne sobre um lago,
A minha vida imaculada e honesta;
Oiço bater meu coração em festa,
Pela bondade e amor que nele trago.

Do meu orgulho olímpico de mago,
Só o desdém aos meus inimigos resta,
Maior que às folhas mortas da floresta
Que nos meus dedos pálidos esmago.

Mas a piedade enche o meu peito e vem,
Em vez de tão humano e vil desdém,
Ungir meus lábios num perdão divino.

– Julguei ser Deus… E choro de cansaço!
Ó mãe piedosa, embala no regaço,
Meu coração exausto de menino. 
 

Américo Durão,
in Alma Nova” – Revista de Ressurgimento Nacional
III Série Nos. 4 a 6 Dezembro – Março 1923
(daqui)
 

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