terça-feira, 27 de setembro de 2016

"Mãe" - Poema de António Correia de Oliveira


Camille Pissarro, Entrée du village de Voisins (1872)



Mãe


Olha, meu filho! quando, à aragem fria 
De algum torvo crepúsculo, encontrares 
Uma árvore velhinha, em modo e em ares 
De abandono e outonal melancolia, 

Não passes junto dela nesse dia 
E nessa hora de bênçãos, sem parares; 
Não vás, sem longamente a contemplares: 
Vida cansada, trémula e sombria! 

Já foi nova e floriu entre esplendores: 
Talvez em derredor, dos seus amores 
Inda haja filhos que lhe queiram bem... 

Ama-a, respeita-a, ampara-a na velhice; 
Sorri-lhe com bondade e com meiguice: 
— Lembre-te, ao vê-la, a tua própria Mãe! 


in 'Antologia Poética'




"Humilde é a pessoa que não afasta de si a crença do Infinito, a realidade das suas pequenas pegadas na vida - e não aquela que se desmerece, que insulta o seu corpo e a sua alma, que se enfurece contra si mesma. Aceitar a sua humilhação é consentir na humilhação do seu próprio Deus."



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