Marcel Rieder (1862-1942), A vigil by the sea, Côte d'Azur
Luar de Janeiro
A Coelho de Carvalho
Tout court, porque não há adjetivos
que não empalideçam ante a claridade dos seus talentos.
que não empalideçam ante a claridade dos seus talentos.
Luar de Janeiro,
Fria claridade
À luz dele foi talvez
Que primeiro
A boca dum português
Disse a palavra saudade...
Luar de platina;
Luar que alumia
Mas que não aquece,
Fotografia
De alegre menina
Que há muitos anos já... envelhecesse.
Luar que alumia
Mas que não aquece,
Fotografia
De alegre menina
Que há muitos anos já... envelhecesse.
Luar de Janeiro,
O gelo tornado
Luminosidade...
Rosa sem cheiro,
Amor passado
De que ficou apenas a amizade...
O gelo tornado
Luminosidade...
Rosa sem cheiro,
Amor passado
De que ficou apenas a amizade...
Luar das nevadas,
Álgido e lindo,
Janelas fechadas,
Fechadas as portas,
E ele fulgindo,
Límpido e lindo,
Como boquinhas de crianças mortas,
Na morte geladas
-E ainda sorrindo...
Álgido e lindo,
Janelas fechadas,
Fechadas as portas,
E ele fulgindo,
Límpido e lindo,
Como boquinhas de crianças mortas,
Na morte geladas
-E ainda sorrindo...
Luar de Janeiro,
Luzente candeia
De quem não tem nada,
-Nem o calor dum braseiro,
Nem pão duro para a ceia,
Nem uma pobre morada...
Luzente candeia
De quem não tem nada,
-Nem o calor dum braseiro,
Nem pão duro para a ceia,
Nem uma pobre morada...
Luar dos poetas e dos miseráveis...
Como se um laço estreito nos unisse,
São semelháveis
O nosso mau destino e o que tens;
De nós, da nossa dor, a turba - ri-se
- E a ti, sagrado luar... ladram-te os cães!
Como se um laço estreito nos unisse,
São semelháveis
O nosso mau destino e o que tens;
De nós, da nossa dor, a turba - ri-se
- E a ti, sagrado luar... ladram-te os cães!
in Luar de Janeiro, 1909
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