D. Carlos de Bragança (1863–1908, Rei de Portugal e Algarves de 1889 até ao seu assassinato),
Charneca dos Almos (Alentejo), 1898. Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
Charneca dos Almos (Alentejo), 1898. Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
Apagou-se, por fim, o incerto lume,
que, em volta do meu ser, ainda ardia,
e o velho alfange, de inquietante gume,
cortou o voo que meu sonho erguia.
Apagou-se, por fim, o lume incerto...
e fiquei-me entre as urzes, hesitante,
no local que para o além era o mais perto
e para voltar a mim o mais distante.
Abandonada, então, essa charneca,
vestida de silêncio, árida e seca,
rodeou-me a minha alma sonhadora.
Afastei-me. Acabei por me perder:
sem poder atingir o que quis ser
e sem poder voltar ao que já fora.
Alfredo Guisado, "Ânfora", 1918
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