domingo, 2 de junho de 2024

"Raízes" - Poema de Jorge Sousa Braga


William Bliss Baker (American artist, 1859 –1886), Fallen Monarchs, 1886.
Brigham Young University Museum of Art



Raízes


Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.

Que me deixassem crescer
silencioso e ereto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.

Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lodão, o aloendro,
o ácer e o aloés.

Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.


Jorge de Sousa Braga,
in "Herbário", Assírio & Alvim, 1999.

Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens

 


William Bliss Baker
(American artist, 1859 –1886), Hiding in the Haycocks, 1881.
 
 
"A maturidade do homem consiste em ter reencontrado a seriedade que em criança se colocava nos jogos." 

Friedrich Nietzsche
, Werke - volume 2, página 629, C. Hanser, 1956
 
 

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