William-Adolphe Bouguereau (French painter, 1825-1905),
L'Orage (The Storm), 1874.
L'Orage (The Storm), 1874.
A Meus Irmãos
Batam-me à porta
os que andam lá por fora, à neve;
batam
os que tiverem frio ou sede;
os que sintam saudades de um carinho;
os desprezados;
os que há muito não vêem uma flor
e encontram só poeira no caminho;
os que não amam já nem já os ama
ninguém;
os esquecidos de como se sorri;
os que não têm Mãe...
Batam-me à porta os Desgraçados,
os que têm os dedos calejados
dos dedos ásperos da Miséria,
os que travam desordens nas tavernas
e brincam às facadas,
os que não têm abrigo nem Amigo,
os que o Destino escarrou,
os que não foram crianças,
os que nasceram num bordel
e por quem passam todos sem olhar.
Batei à minha porta, Irmãos,
entrai,
que eu tenho Amor pra vos dar...
E se eu também bater
(que eu também choro
muitas vezes, lá por fora;
também amargo tristezas;
que eu também sou Desgraçado)...
Pois se eu bater,
vinde logo depressa abrir-me a porta;
aquecei-me no lume;
dai-me do pão que eu parti
e do Amor que vos dei...
Deixai-me estar entre vós
como se fosse um de vós,
que eu também sou Desgraçado...
Ah! se eu bater
(mas é preciso que eu possa
ter força ainda nas mãos),
por Deus abri a porta, meus irmãos,
como se a casa fora vossa!...
Sebastião da Gama, in Serra-Mãe, 1945
"Que a sua caridade comece no lar, mas não fique circunscrita ao mesmo."
"Charity begins at home, but it does not end there."
Henry Martin (1781 - 1812) citado em "A memoir of the Rev. Henry Martyn: late fellow of St. John's College,
Cambridge and Chaplain to the honorable East India Company". Página 436,
John Sargent - 1832 - Published by Perkins & Marvin, 467 páginas.
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