Antônio Parreiras (Pintor, ilustrador, escritor e professor brasileiro, 1860–1937),
Ventania, 1888, Pinacoteca do Estado de São Paulo.
O vento e eu
O vento morria de tédio
Porque apenas gostava de cantar
Mas não tinha letra alguma para a sua própria voz,
Cada vez mais vazia…
Tentei então compor-lhe uma canção
Tão comprida como a minha vida
E com aventuras espantosas que eu inventava de súbito,
Como aquela em que menino eu fui roubado pelos ciganos
E fiquei vagando sem pátria, sem família, sem nada neste vasto mundo…
Mas o vento, por isso
Me julga agora como ele…
E me dedica um amor solidário, profundo!
Mário Quintana, in "Velório sem defunto", 1990.
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