Elin Danielson-Gambogi (Finnish painter, 1861–1919), In the Vineyard II, 1898.
O lavrador percorrendo a vinha
Ei-lo no meio da vinha, atento,
como se ouvisse o próprio coração.
Uma vide que toca é um músculo vibrando;
um cacho que descobre é um pensamento novo.
A terra ondula nos seus passos
e fez dele um arbusto sonhador.
Quando os seus olhos pousam num rebento
duas gotas de orvalho se iluminam.
Que ventos germinam além da montanha?
Que nuvens negras ou trovões?
Ele não sabe. Tem tempo de saber.
Esta manhã de Abril é boa, clara.
Alegremente o sol arde no rio:
amam-se as rolas no pinhal.
Ele percorre a vinha e colhe
um louro cacho de esperanças.
António Cabral, "Poemas durienses"
como se ouvisse o próprio coração.
Uma vide que toca é um músculo vibrando;
um cacho que descobre é um pensamento novo.
A terra ondula nos seus passos
e fez dele um arbusto sonhador.
Quando os seus olhos pousam num rebento
duas gotas de orvalho se iluminam.
Que ventos germinam além da montanha?
Que nuvens negras ou trovões?
Ele não sabe. Tem tempo de saber.
Esta manhã de Abril é boa, clara.
Alegremente o sol arde no rio:
amam-se as rolas no pinhal.
Ele percorre a vinha e colhe
um louro cacho de esperanças.
António Cabral, "Poemas durienses"
Elin Danielson-Gambogi, In the Vineyard, 1898.
Sete notas para uma sinfonia
1
Só saberás a música do vinho,
quando ouvires o sol,
dedo a dedo na vinha,
esta guitarra.
2
No Douro só o nome é de ouro.
As verdades são mais ou menos assim.
3
1
Só saberás a música do vinho,
quando ouvires o sol,
dedo a dedo na vinha,
esta guitarra.
2
No Douro só o nome é de ouro.
As verdades são mais ou menos assim.
3
Curvam-se os homens sob os cestos de uvas:
uma atitude de reverência.
4
Mudam-se os tempos, não muda a vindima:
a mesma lua sobre o pensamento.
5
Os homens põem capelas no cimo dos montes
para que os ouçam à distância.
Eis uma forma elegante
de dialogar com os mortos.
6
Se fores ao Tua,
esquece-te dos pronomes possessivos.
7
Certamente grandioso foi o pensamento
que antecedeu este rio.
Ainda se veem as escarpas e abundantes nevoeiros.
E as ideias perfilam-se em enormes socalcos.
António Cabral, "Poemas durienses"
1. Só saberás a música do vinho,
quando ouvires o sol,
dedo a dedo na vinha,
esta guitarra.
2. No Douro só o nome é de ouro.
As verdades são mais ou menos assim.
3. Curvam-se os homens sob os cestos de uvas:
uma atitude de reverência.
4. Mudam-se os tempos, não muda a vindima:
a mesma lua sobre o pensamento.
5. Os homens põem capelas no cimo dos montes
para que os ouçam à distância.
Eis uma forma elegante
de dialogar com os mortos.
6. Se fores ao Tua,
esquece-te dos pronomes possessivos.
7. Certamente grandioso foi o pensamento
que antecedeu este rio.
Ainda se vêem as escarpas e abundantes nevoeiros.
E as ideias perfilam-se em enormes socalcos.
© António Cabral - Todos os direitos reservados. Ler mais em: https://www.antoniocabral.com.pt/sete-notas-para-uma-sinfonia/ | ANTÓNIO CABRAL
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i-lo no meio da vinha, atento,
como se ouvisse o próprio coração.
Uma vide que toca é um músculo vibrando;
um cacho que descobre é um pensamento novo.
A terra ondula nos seus passos
e fez dele um arbusto sonhador.
Quando os seus olhos pousam num rebento
duas gotas de orvalho se iluminam.
Que ventos germinam além da montanha?
Que nuvens negras ou trovões?
Ele não sabe. Tem tempo de saber.
Esta manhã de Abril é boa, clara.
Alegremente o sol arde no rio:
amam-se as rolas no pinhal.
Ele percorre a vinha e colhe
um louro cacho de esperanças.
© António Cabral - Todos os direitos reservados. Ler mais em: https://www.antoniocabral.com.pt/o-lavrador-percorrendo-a-vinha/ | ANTÓNIO CABRAL
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