Waiting for Freud, 2006, by Christian Tagliavini
Os outros
Os outros que vivem comigo
Estão cheios de carências e têm medo
Do dia que vai nascer
Os outros que vivem comigo
Compram e vendem coisas ideias sentimentos
Como quem muda de pele todos os dias
Só eu estou tranquilo e não digo nada
Porque não estou numa festa num campo de batalha
E não preciso de sorrir a ninguém de morder
Ninguém de fazer sinais
Que me prendam aos outros
Os outros que vivem comigo
Correm de um lado para o outro agitam-se
E não encontram o caminho
Mas eu não corro para lado nenhum
Ouço a carne viva das águas o cerne
Que vem do fundo o caminho que nunca
Me abandona
Talvez eu seja ignorante
Talvez a minha mente seja como a mente
De um louco
Talvez eu seja apenas um espelho
Que nada recusa nem aprisiona
Mas os outros que vivem comigo
Estão cheios de carências e vão morrer
Porque não sabem que transportam em si
O vaso e a semente.
Casimiro de Brito
Casimiro de Brito
Casimiro Cavaco Correia de Brito é um poeta, romancista, contista e ensaísta português.
Nasceu no
Algarve, em 1938, onde estudou (depois em Londres) e viveu até 1968. Depois de uns anos na Alemanha passou a viver em Lisboa. Teve várias profissões mas actualmente dedica-se exclusivamente à literatura.
Começou a publicar em 1957 (Poemas da Solidão Imperfeita) e, desde então, publicou mais de 40 títulos. Dirigiu várias revistas literárias, entre elas "Cadernos do Meio-Dia" (com António Ramos Rosa), os Cadernos "Outubro/ Fevereiro/ Novembro" (com Gastão Cruz) e "Loreto 13" (órgão da Associação Portuguesa de Escritores). Actualmente é responsável pela colaboração portuguesa na revista internacional “Serta”.
Esteve ligado ao movimento "Poesia 61", um dos mais importantes da poesia portuguesa do século XX. Ganhou vários prémios literários, entre eles o Prémio Internacional Versilia, de Viareggio, para a "Melhor obra completa de poesia", pela sua Ode & Ceia (1985), obra em que reuniu os seus primeiros dez livros de poesia.
Colabora nas mais prestigiadas revistas de poesia e tem obras suas incluídas em mais de 150 antologias, publicadas em vários países.
Participou em inúmeros recitais, festivais de poesia, congressos de escritores, conferências, um pouco por todo o mundo.
Director dos festivais internacionais de poesia de Lisboa, Porto Santo (Madeira) e Faro. Foi vice-presidente da
Associação Portuguesa de Escritores, presidente da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie, de Lovaina e é presidente doa Assembleia Geral do
P.E.N. Clube Português. Obras suas foram gravadas para a Library of the Congress, de Washington.
Foi agraciado pela Academia Brasileira de Filologia, do Rio de Janeiro, com a medalha Oskar Nobiling por serviços distintos no campo da literatura — entre outras distinções. É conselheiro da Associação Mundial de Haiku, de Tóquio. É “editor-in-chief” da Antologia mundial “Diversity” do PEN Internacional, sediada na Macedónia.
A Académie Mondiale de Poésie (da Fundação Martin Luther King), galardoou-o em 2002 com o primeiro Prémio Internacional de Poesia Leopold Sédar Senghor, pela sua carreira literária. Ganhou o Prémio Europeu de Poesia Sibila Aleramo-Mario Luzi, com a sua antologia Libro delle Cadute, publicada em Itália em 2004.
Tem traduzido poesia de várias línguas, sobretudo do japonês e foi traduzido para albanês, galego, espanhol, catalão, italiano, francês, corso, inglês, alemão, flamengo, holandês, sueco, polaco, esloveno, servocroata, grego, romeno, búlgaro, húngaro, russo, árabe, hebreu, chinês e japonês.
Em 2006, foi nomeado Embaixador Mundial da Paz, no âmbito da Embaixada Mundial da Paz, sediada em Genebra.
Em 2008 foi-lhe atribuído o prémio POETEKA no Festival Internacional do mesmo nome, na Albânia, na qualidade de “Melhor poeta do Festival. Ainda em 2008 foi agraciado pela Presidência da República Portuguesa com a Ordem do Infante Dom Henrique.
Waiting for Freud, Debbie, by Christian Tagliavini, 2006
Waiting for Freud, Kläe, by Christian Tagliavini, 2006
Obra de Christian Tagliavini
Christian Tagliavini, nascido em 1971, educado na Itália e na Suíça, onde atualmente vive e trabalha é um designer gráfico e fotógrafo. Sua fotografia explora assuntos e conceitos muitas vezes raros ou incomuns. Tagliavini visa criar não apenas retratos mas colisões emocionantes de circunstâncias. Da mesma forma, ele considera cada retrato como uma história em aberto que deve fazer exigências sobre o seu telespectador. Seu trabalho tem sido exibido em toda a Europa.
Video portrait of photographer Christian Tagliavini
Cromofobia, Birthday, 2007
Cromofobia, Mother's day, 2007
Cromofobia, Back home, 2007
Cromofobia, Mrs Maggie, 2007
O estilo renascentista em fotografias de Christian Tagliavini, intituladas "1503".
(O número 1503 faz referência ao ano de nascimento de Agnolo di Cosimo.)
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