quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Presságio" - Poema de Fernando Pessoa


Charles Webster Hawthorne (1872 -1930),
The Lovers, 

Private collection



Presságio


O amor, quando se revela, 
Não se sabe revelar. 
Sabe bem olhar p’ra ela, 
Mas não lhe sabe falar. 

Quem quer dizer o que sente 
Não sabe o que há de dizer. 
Fala: parece que mente 
Cala: parece esquecer 

Ah, mas se ela adivinhasse, 
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse 
Pr’a saber que a estão a amar! 

Mas quem sente muito, cala; 
Quem quer dizer quanto sente 
Fica sem alma nem fala, 
Fica só, inteiramente! 

Mas se isto puder contar-lhe 
O que não lhe ouso contar, 
Já não terei que falar-lhe 
Porque lhe estou a falar… 



(“Presságio” também conhecido por “Amor”, do Ortónimo Fernando Pessoa, 
foi publicado no dia 24 de Abril de 1928.)



Galeria de Charles Webster Hawthorne
Charles W. Hawthorne, O vestido Vermelho, 1905


Charles W. Hawthorne,  A Jarra , 1910


Charles W. Hawthorne, Crimson Roses, 1905


Charles W. Hawthorne, Blue Kimono


Charles W. Hawthorne, Motherhood Triumphant


Charles W. Hawthorne, Rapariga com prato


Charles W. Hawthorne, Retrato de Annette, 1929


Charles W. Hawthorne, Before the Ball


Charles W. Hawthorne, Portrait of Mayme Noons, 1920


Charles W. Hawthorne, Girl Sewing, 1923


Charles W. Hawthorne, The dress maker, 1920


Charles W. Hawthorne, The Trousseau, 1910


Charles W. Hawthorne, Retrato da Sra. Woodruff, 1923


Charles W. Hawthorne, O Banho - Retrato de Emelyn Nickerson com bebé, 1915


Charles W. Hawthorne, O vestido Vermelho, 1915


Charles W. Hawthorne, Little Dora, 1915


Charles W. Hawthorne, Girl with Dolls, 1928


Charles W. Hawthorne, Master Patrick Shearer, 1929


Charles W. Hawthorne, At the Seaside, 1920


Charles W. Hawthorne, The Fencer, 1928


Pintura de Charles W. Hawthorne, Private collection 
Impressionist Figure


"Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro."

(Carl Jung)
 
 

1 comentário:

Márcia disse...

Olá, Tia! :P

Estou a gostar muito do teu blog, já é o terceiro comentário de hoje xd

Bem, para começar, mais uma vez o Fernando Pessoa em grande!
Gostei muito do poema, esta estrofe
"Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!"
está lindíssima! : )

Não fiquei grande fã das pinturas de Charles W. Hawthorne...

Gostei muito, mais uma vez, de todas as citações que fizeste!! : )

Beijinhos,
Márcia!