sábado, 25 de agosto de 2012

"Ode aos livros" - Poema de Pablo Neruda


Pierre-Auguste Renoir, Lectrices, 1874
 

(Pierre-Auguste Renoir (Limoges, 25 de fevereiro de 1841 — Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919) foi um dos mais célebres pintores franceses e um dos mais importantes nomes do movimento impressionista.)


Ode aos livros


Nós
os poetas caminheiros
explorámos o mundo, a cada porta
recebeu-nos a vida,
participámos na luta terrestre.
A nossa vitória qual foi?
Um livro, um livro cheio
de contactos humanos,
de camisas, um livro
em solidão, com homens
e ferramentas, um livro
é a vitória. Vive e cai
como todos os frutos,
não só tem luz,
não só tem sombra,
apaga-se,
desfolha-se,
perde-se de rua em rua,
despenha-se na terra
Livro de versos
de amanhã, volta
outra vez a ter neve ou musgo
nas tuas páginas
para que os pés
ou os olhos vão gravando sinais:
descreve-nos
de novo o mundo, as fontes
entre a espessura,
os altos arvoredos,
os planetas polares,
e o homem
nos caminhos,
nos novos caminhos,
avançando
na selva, na água, no céu,
na mais nua solidão marinha,
o homem
descobrindo os últimos segredos,
o homem
regressando com um livro,
o caçador
tornando a casa com um livro,
o camponês
lavrando com um livro. 
 
 



- Leitura e Lazer -
Sir John Lavery (1856-1941), Summer (The Green Hammock)


William Merritt Chase (1849-1916), Sunlight and Shadow, 1884


William Chadwick (American Impressionist Painter, 1879-1962), The Hammock 


Winslow Homer (American painter, 1836-1910), Girl in a Hammock, 1873


Valentine Cameron Prinsep (Indian-born British artist, 1838-1904), Sweet Repose 


Władysław Ślewiński (Polish painter, 1854–1918), Woman with Cat, 1896


John Lavery (Irish painter, 1856-1941), Red Hammock


Emanuel Phillips Fox (1865-1915), Love Story


Joseph De Camp (1858-1923), The Hammock, c.1895


 William Merritt Chase (1849 - 1916), The Open Air Breakfast 
(also known as The Backyard, Breakfast Out of Doors), 1888


James Tissot (1836-1902), The Hammock


Robert Thegerstrom (Swedish artist, 1857-1919), Laziness


"Será que os absurdos não são as maiores virtudes da poesia? 
Será que os despropósitos não são mais carregados de poesia do que o bom senso?" 


Manoel de Barros
, Exercícios de ser criança 
 

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