Amadeo de Souza Cardoso, 'Os galgos', 1911, óleo sobre tela
“Os romances fazem mal a muita gente. Pessoas propensas a adaptarem-se aos moldes que admiram e invejam na novela, perdem-se na contrafacção, ou dão-se em pábulo ao ridículo. Nestes últimos tempos, há muitos exemplos desta verdade, e tanto mais sensíveis, quanto a nossa sociedade é pequena para se nos esconderem, e intolerante para admiti-los sem rir-se. Homens, sem originalidade, ou originalmente tolos, macaqueiam tudo que sai da esfera comum.”
Camilo Castelo Branco, Onde está a felicidade? (Elites…)
Vida e Obra de Amadeo de Souza Cardoso
Amadeo de Souza Cardoso
Amadeo no seu atelier, Rue Ernest Cresson, 20, Paris, 1912
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, freguesia de Mancelos, Amarante, 14 de Novembro de 1887 – Espinho, 25 de Outubro de 1918) foi um pintor português.
Pertencente à primeira geração de pintores modernistas portugueses, Amadeo de Souza-Cardoso destaca-se entre todos eles pela qualidade excecional da sua obra e pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. "O artista desenvolveu, entre Paris e Manhufe, a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal num diálogo internacional, intenso mas pouco conhecido, com os artistas do seu tempo". A sua pintura articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos – e de modo sustentado na produção dos últimos anos –, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.
A morte aos 30 anos de idade irá ditar o fim abrupto de uma obra pictórica em plena maturidade e de uma carreira internacional promissora mas ainda em fase de afirmação. Amadeo ficaria longamente esquecido, dentro e, sobretudo, fora de Portugal: "O silêncio que durante longos anos cobriu com um espesso manto a visibilidade interpretativa da sua obra [...], e que foi também o silêncio de Portugal como país, não permitiu a atualização histórica internacional do artista"; e "só muito recentemente Amadeo de Souza-Cardoso começou o seu caminho de reconhecimento historiográfico" [Continua].
Amadeo de Souza Cardoso, Les Faucons (Os falcões), 1912,
Tinta-da-china sobre papel
Amadeo de Souza Cardoso, Cozinha da Casa de Manhufe, c. 1913,
Óleo sobre madeira
Amadeo de Souza Cardoso, Título desconhecido, c. 1917.
Óleo sobre tela com colagem pontual e localizada de outros materiais (fósforos de cera, madeira)
Amadeo de Souza Cardoso, Título desconhecido (Coty), c. 1917.
Óleo sobre tela com colagem de materiais (areia, cola, pedaços de espelhos, vidros,
ganchos, um colar de missangas e papel)
Amadeo de Souza Cardoso, Retrato de Francisco Cardoso
Amadeo de Souza Cardoso, Menina dos cravos
Amadeo de Souza Cardoso, Entrada
Amadeo de Souza Cardoso, Barcos
“Os homens cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim e não encontram o que procuram. E, no entanto, o que eles buscam poderia ser achado numa só rosa.
Antoine de Saint-Exupéry, em o "O Pequeno Príncipe"
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