quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Amo-te" - Poema de Pablo Neruda


 
Cecilia Beaux (American painter, 1855-1942), A Girl with a Cat -
Sita and Sarita 
(Sarah Allibone Leavitt), c. 1896.

 
Amo-te


Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,

a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono. 


Pablo Neruda, in Cem Sonetos de Amor.
Porto: Campos das Letras, 2004.
(Trecho do Soneto XVII)



Cem Sonetos de Amor de Pablo Neruda
Tradução de Albano Martins
 
 
SINOPSE 

A marcar as comemorações do centenário do nascimento do poeta chileno Pablo Neruda, surgem dois livros: o inédito "Cadernos de Temuco" e este "Cem Sonetos de Amor", dedicados à sua mulher. 
"A Matilde Urrutia, Senhora minha muito amada, grande foi o meu sofrimento ao escrever estes mal chamados sonetos, que bastantes dores me causaram, mas a alegria de tos oferecer é maior que um prado. (…) Assim estabelecidas as minhas razões de amor, entrego-te esta centúria: sonetos de madeira que só existem porque tu lhes deste vida." 
Ambos os livros traduzidos por Albano Martins que, com a tradução de "Canto Geral" venceu o Grande Prémio de Tradução, atribuído pelo Pen Club Português e pela Associação Portuguesa de Tradutores. 

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