Michael Ancher (Danish realist artist, 1849 -1927), A Baptism, 1883/1888,
Trombetas de caça,
Frescor de alvorada.
Ó cheia de graça,
Manhã transparente!
A sombra esvoaça,
A tarde já vem
E à noite se enlaça...
Meu Deus! -
Um dia que passa.
A terra nos brinda
Com folhas e flores.
Tão fresca! Tão linda!
Seu canto desmaia
Numa paz infinda;
Promessas embala
De frutos ainda...
Meu Deus! -
Um ano que finda.
Fui filho, sou pai,
Avô algum dia.
Das nuvens se esvai
Em gotas, a chuva
Tão límpida! Olhai:
Sob a luz do Inverno
Em silêncio cai.
Meu Deus! -
O tempo lá vai...
Frescor de alvorada.
Ó cheia de graça,
Manhã transparente!
A sombra esvoaça,
A tarde já vem
E à noite se enlaça...
Meu Deus! -
Um dia que passa.
A terra nos brinda
Com folhas e flores.
Tão fresca! Tão linda!
Seu canto desmaia
Numa paz infinda;
Promessas embala
De frutos ainda...
Meu Deus! -
Um ano que finda.
Fui filho, sou pai,
Avô algum dia.
Das nuvens se esvai
Em gotas, a chuva
Tão límpida! Olhai:
Sob a luz do Inverno
Em silêncio cai.
Meu Deus! -
O tempo lá vai...
João Cabral do Nascimento
(1897-1978)
(1897-1978)
Poesia
"Impossível qualquer explicação: ou a gente aceita à primeira vista, ou não aceitará nunca: a poesia é o mistério evidente. Ela é óbvia, mas não é chata como um axioma. E, embora evidente, traz sempre um imprevisível, uma surpresa, um descobrimento."
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