Ai, pudesse eu ser pintor
Ai, pudesse eu ser pintor e verter
numa folha impressa, limpa, as cores todas
que a cidade me reserva no seu bojo
de água clara e luz aquietada rente
aos muros das hortas e às paredes rosa velho
dos prédios da memória da infância.
Ai, pudesse eu transfigurar-me em ave
daquelas que salpicam em voo o cetim
azul das tardes e pintaria a golpes de asa
uma outra vocação que não a minha, talvez
a tonitruante vocação dos hereges, dos
revoltosos, dos anunciadores de tudo
o que se muda e se transforma; outro
desígnio não quereria ter a não ser este:
o de me fazer na cor comum do que vejo e sinto.
George Segal, Red Haired Girl with Green Robe, 1986
«Love me little, love me long». Há muita verdade neste lindo provérbio inglês. O que é violento é perecível. O que é calmo é duradouro. Um amor brusco e irrefletido, e com natureza de chama participaria da essência dessa primeira ilusão de que eu falei há pouco, e estaria condenado, como toda a chama, a consumir-se a si mesmo. É necessário que as coisas cresçam devagar e lentamente — para que durem muito.
«Love me little, love me long». Há muita verdade neste lindo provérbio inglês. O que é violento é perecível. O que é calmo é duradouro. Um amor brusco e irrefletido, e com natureza de chama participaria da essência dessa primeira ilusão de que eu falei há pouco, e estaria condenado, como toda a chama, a consumir-se a si mesmo. É necessário que as coisas cresçam devagar e lentamente — para que durem muito.
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