quinta-feira, 23 de julho de 2020

"Tristão e Isolda" - Lenda Medieval de origem Céltica


Edmund Leighton, Tristan, Isolde and King Mark in The End of the Song, 1902


Tristão e Isolda


Tristão e Isolda é uma lenda medieval de origem céltica, que constitui uma das mais belas histórias de amor alguma vez concebidas. As primeiras versões escritas datam do século X. Os trovadores anglo-normandos de língua francesa e a rainha Leonor da Aquitânia contribuíram para a sua difusão na Europa.

Conta-se que Tristão ficou órfão, despojado injustamente da sua herança por vassalos de seu pai. Foi recolhido pelo tio, o rei Marco, da Cornualha, que o ajudou a tornar-se num Cavaleiro da Távola Redonda.


Évrard d'Espinques, Tristan and Isolde on their way to Cornwall, (15th century)


Tristão venceu a batalha contra o gigante Morolt, mas ficou gravemente ferido. Os seus ferimentos só poderiam ser curados pela magia da Rainha da Irlanda, grande inimiga do seu tio. Antes de se dirigir ao castelo da Rainha, Tristão disfarçou-se de músico, tomou o nome de Tãotris e tornou-se professor de música da princesa Isolda, a Loura. Tristão, já curado, matou um cruel dragão, em Weisefort, na Irlanda, e voltou para o castelo de seu tio Marco, a quem descreveu a beleza de Isolda com a qual o jovem tinha ficado impressionado.

 
John William Waterhouse, Tristan and Isolde with the Potion, c. 1916


O rei Marco ficou contente com as palavras do sobrinho, que o inspiraram a encontrar uma solução para acabar com a velha inimizade entre os dois reinos. Mandou, então, um emissário ao reino da Irlanda para que pedisse, em seu nome, a mão de Isolda. A Rainha da Irlanda concordou com o casamento e organizou um banquete. Para que nascesse uma paixão forte e duradoura entre Marco e Isolda, a Rainha mandou fabricar uma poção mágica do amor para lhes servir.

John Duncan, Tristan and Isolde, 1912


Durante o banquete, por descuido, os copos que tinham a poção mágica foram trocados e servidos a Tristão e Isolda, que se apaixonaram imediatamente. No entanto, a cerimónia do casamento entre Marco e Isolda prosseguiu.


Edward Burne-Jones (préraphaélite), Le roi Marc et la belle Iseult, 1862
Birmingham Museum and Art Gallery


Tristão e Isolda, vivendo uma paixão incontrolável, decidiram encontrar-se às escondidas para viver o seu amor.

 
Hugues Merle, Tristan and Isolde, c. 1870

Um dia, foram surpreendidos pelo rei Marco, que, magoado com a traição, os expulsou do castelo.


Ferdinand Leeke, Tristan and Isolde

Os enamorados vaguearam durante muito tempo, sem qualquer ajuda, até que chegaram a um ponto de grande pobreza e debilidade física.

Rogelio de Egusquiza, Tristan and Isolde, 1912


Compadecido, Marco recolheu Isolda no castelo e enviou Tristão para bem longe, em França, onde este chegou a casar-se com uma outra jovem, filha do Duque da Bretanha, também chamada Isolda. A jovem, que era conhecida como Isolda, a das Mãos Brancas, nunca conseguiu ver retribuído o amor que sentia por Tristão e este nunca consumou o casamento, dado que continuava fiel ao seu primeiro amor.


Giovanni dal Ponte (1385 – ca. 1438, Florence), Two couples - Paris and Helen, Tristan and Isolde, 1410s


Passado algum tempo, Tristão ficou ferido noutra batalha e pediu à sua amada Isolda, a Loura, que tinha herdado os dotes mágicos de cura da Rainha da Irlanda, que viesse socorrê-lo. Combinaram então que, se o navio, que tinha enviado com o emissário, voltasse com velas brancas, a resposta de Isolda, a Loura, seria afirmativa; mas, se as velas fossem negras, ela não poderia vir. Isolda, a das Mãos Brancas, com ciúmes, resolveu vingar-se da indiferença do marido, dizendo-lhe que o navio tinha chegado com as velas negras porque Isolda tinha falecido durante a viagem.


Rogelio de Egusquiza, Tristan and Isolde, 1910


Tristão não suportou a perda de Isolda e morreu de desgosto. Quando Isolda, a Loura, encontrou Tristão sem vida, sentiu uma grande dor e morreu também de desgosto, abraçada ao corpo de Tristão. Foram enterrados lado a lado. Diz a lenda que das sepulturas nasceram duas árvores que cresceram entrelaçadas para que nunca fossem separadas.

Eugénie Servières, Geneviève and Lancelot at the Tombs of Isolde and Tristan, c. 1814


Tristão e Isolda, é também um drama lírico em três atos, com texto e música da autoria do compositor alemão  Richard Wagner (1813-1883), publicado em 1865. O assunto é o da lenda medieval, acima referida.
A música obedece a uma estrutura surpreendente que, através de um cromatismo muito vincado, dá expressão admirável à paixão, à ternura e à dor, sentimentos que dominam o desenrolar da ação. (Daqui)


Wagner's composition of Tristan und Isolde

Prelude & Liebstod from Tristan und Isolde
 Leonard Bernstein (conductor)
Boston Symphony Orchestra
Herbert James Draper, Tristan und Isolde, 1901


 "Não sei se a vida é maior que a morte, mas o amor é maior que ambas." 

(Frase de Tristão no 'Romance de Tristão e Isolda' )
Joseph Bédier, in "Le Roman de Tristan et Isolde", Paris, Henri Piazza éditeur d'art, 1900, 
illustré de compositions de Robert Engels


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