Max Liebermann, Rapazes na praia, 1898, Nova Pinacoteca, Munique
Poema
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
O quadrado da janela
O brilho verde de Vésper
O arco de oiro de Agosto
O arco de ceifeira sobre o campo
A indecisa mão do pedinte
São minha biografia e tornam-se o meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Jules Breton (1827–1906), Fishermen at Menton, 1878
Quantas vezes as ondas se encresparam
com meus suspiros! Quantas com meu pranto
se pararam com mágoa e me escutaram!
Quantas vezes as ondas se encresparam
com meus suspiros! Quantas com meu pranto
se pararam com mágoa e me escutaram!
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