domingo, 12 de julho de 2020

"Os Amigos Infelizes" - Poema de Pedro Homem de Mello


Adriaen van Ostade (1610 - 1685), Le Maître d’école, 1662, Musée du Louvre


Os Amigos Infelizes 


Andamos nus, apenas revestidos
Da música inocente dos sentidos.

Como nuvens ou pássaros passamos
Entre o arvoredo, sem tocar nos ramos.

No entanto, em nós, o canto é quase mudo.
Nada pedimos. Recusamos tudo.

Nunca para vingar as próprias dores
Tiramos sangue ao mundo ou vida às flores.

E a noite chega! Ao longe, morre o dia...
A Pátria é o Céu. E o Céu, a Poesia...

E há mãos que vêm poisar em nossos ombros
E somos o silêncio dos escombros.

Ó meus irmãos! em todos os países,
Rezai pelos amigos infelizes! 
 in "Os Amigos Infelizes"


The painter Adriaen van Ostade in his workshop (self-portrait), 1663, at the  
Semper Gallery, Dresden


"O essencial na vida não é convencer ninguém, nem talvez isso seja possível; o que é preciso é que eles sejam nossos amigos; para tal, seremos nós amigos deles; que forças hão de trabalhar o mundo se pusermos de parte a amizade?"

Agostinho da Silva
Sete Cartas a um Jovem Filósofo


Adriaen van Ostade, Portrait de la famille De Goyer et du peintre, v. 1650-1655
at the Museum Bredius, The Hague

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