Albert Bettannier (1851-1932), Les Annexés en Lorraine (ou Le Désespoir), 1883
(Musée de la Cour d'Or, Metz - Musée de la guerre de 1870 et de l'Annexion, Gravelotte)
Esta Gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco
Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis
Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre
Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome
E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada
Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo
in "Geografia", de 1967, incluído em "Obra Poética",
Ed. caminho, Lisboa, 2010
Albert Bettannier, Les annexés en Alsace, 1911 (Musée de la Cour d'Or,
Metz-Musée de la guerre de 1870 et de l'Annexion, Gravelotte)
Revolução
Revolução
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitetura
Do homem que ergue
Sua habitação
Sophia de Mello Breyner Andresen,
Como chão varrido
Como porta aberta
Como puro início
Como tempo novo
Sem mancha nem vício
Como a voz do mar
Interior de um povo
Como página em branco
Onde o poema emerge
Como arquitetura
Do homem que ergue
Sua habitação
Sophia de Mello Breyner Andresen,
in "O Nome das Coisas"
Moraes Editores, Lisboa/1977
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