sábado, 4 de dezembro de 2021

"Esperança" - Poema de Mário Quintana


Edward Burne-JonesSpes or Hope, 1871, Watercolour, 
 
 
Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso voo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Texto extraído do livro Nova Antologia Poética,
 Editora Globo – São Paulo, 1998, p. 118.
 
 
 
by his son Philip Burne-Jones, 1898
 

Pintor inglês oitocentista, sir Edward Coley Burne-Jones nasceu no ano de 1833, em Birmingham, e faleceu em 1898. 
Estudou no Exeter College, em Oxford, a partir de 1853, com a intenção de seguir a carreira eclesiástica. Lá travou conhecimento com William Morris e estabeleceu contacto com a arte, a literatura e a poesia, sobretudo as da época medieval, para a qual se inclinava o seu amigo (que viria a ser um dos mentores do movimento Arts and Crafts, um retorno ao autêntico e, portanto, ao manufaturado). Esta influência acentuou-se ao travar conhecimento com Dante Gabriel Rossetti, ao visitar o Norte de França e ao ler os escritos de John Ruskin e do jornal pré-rafaelita The Germ, pelo que decidiu deixar a universidade em 1856 com o intuito de se tornar pintor. 
 
Recebeu aulas de Rossetti, em Londres, e colaborou com ele e com Morris na pintura do mural da Oxford Union Debating Chamber, em 1857. 
Na cidade de Londres conheceu os nomes mais importantes do movimento pré-rafaelita, como Ford Madox Brown, Arthur Hugues e Thomas Woolner, e a partir de 1861 passou a desenhar decoração de mobiliário, vitrais e tapetes para a empresa Morris, Marshall, Faulkner e Companhia, da qual foi sócio fundador. 
 
Em 1859 Burne-Jones foi pela primeira vez a Itália e contactou com as obras de Miguel Ângelo, Andrea Mantegna, Luca Signorelli, Orcagna e Sandro Botticelli, pintores cronologicamente anteriores a Rafael, e em 1862 foi a vez de conhecer, com Ruskin, a pintura de Veneza. O estilo deste pintor, presente em obras como Merlin and Nimuë, The Arming of Perseus, The Beguiling of Merlin e King Cophetua and the Beggar Maid, caracteriza-se por um ambiente etéreo, onírico, poético e indefinido onde se situam figuras andróginas, resultando numa obra marcadamente estética. 
 
A primeira exposição em que entraram as suas obras foi por volta de 1860, na Watercolour Society, mas a que lhe deu fama nacional foi a de 1877, na Grosvenor Gallery. 
Em 1885 Burne-Jones foi eleito sócio da Royal Academy, da qual se retirou em 1893, e no ano de 1894 recebeu o título de barão. 
A obra The Dephts of the Sea foi exposta na Exposição de verão de 1886 e King Cophetua and the Beggar Maid ganhou a primeira medalha na Exposição Internacional de Paris de 1889.

Notabilizou-se não só pelo seu estilo pessoal como por se ter desviado da linha moralista e vocacionada para o catolicismo reator ao anglicanismo dos primeiros pré-rafaelitas. Esta designação proveio do facto do conjunto de pintores que iniciaram o movimento se apoiarem na conceção de trabalho de pintores como os supra mencionados (chamados de primitivos italianos), num esforço de reação ao capitalismo industrial apoiado pela doutrina anglicana, utilizando com o intuito de atingir tal fim técnicas pictóricas simples para captar a "verdade" das coisas. (Daqui)
 

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