Hans Zatzka (Austrian, 1859-1945), Mary and Child with Angels
Natal
(1982)
Solstício de inverno.
Aqui estou novamente a festejá-lo
À fogueira dos meus antepassados
Das cavernas.
Neva-me na lembrança,
E sonho a primavera
Florida nos sentidos.
Consciente da fera
Que nesses tempos idos
Também era,
Imagino um segundo nascimento
Sobrenatural
Da minha humanidade.
Na humildade
Dum presépio ideal,
Emblematizo essa virtualidade.
E chamo-lhe Natal.
Miguel Torga
(Poema extraído de "Diário VII", 1982)
Natal
(1987)
Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.
Miguel Torga
(Poema extraído de "Diário XIV", 1987)
Natal(1988)Menino Jesus feliz
Que não cresceste
Nestes oitenta anos!
Que não tiveste
Os desenganos
Que eu tive
De ser homem,
E continuas criança
Nos meus versos
De saudade
Do presépio
Em que também nasci,
E onde me vejo sempre igual a ti.
Miguel Torga (Poema extraído de "Diário XV", 1988)
Museo del Prado, Madrid
Rogier Van Der Weyden, pintor flamengo, nasceu por volta do ano de 1400, em Tournai, tendo falecido em
Bruxelas
sessenta e quatro anos depois.
A sua obra foi conhecida nos grandes
centros e mesmo célebre enquanto ainda vivia, e representou um avanço
significativo para a História da Arte. De facto foi considerado, a par
de
Robert Campin e
Jan van Eyck, um dos artistas fundamentais do
Quattrocento na Flandres.
Não existem dados que permitam a
reconstituição de uma biografia incontestável, e mesmo as obras que se
dizem da sua autoria foram-lhe atribuídas com base num estilo muito
característico que todas elas possuem em comum.
Crê-se que terá estudado
na oficina de
Rogelet de la Pâture (apesar de alguns estudiosos o
identificarem com este mesmo pintor), entre 1427 e 1432, e que a partir
de 1436 se estabeleceu em
Bruxelas como pintor oficial da cidade. Ao serviço de
Bruxelas terá pintado duas cenas de grande dimensão alusivas à Justiça, por volta do ano de 1439.
No ano seguinte poderá ter ido a
Roma, na sequência do Jubileu que se celebrava, visitando
Milão e
Florença e tendo-se estabelecido em
Ferrara,
onde trabalhou para
Leonel d'Este.
Pensa-se igualmente que terá
dirigido uma oficina de grandes dimensões e importância. As inovações
artísticas de que foi portador foram sobretudo no tratamento
iconográfico e da imagem com grande espiritualidade, tendente para o
dramatismo.
Os temas das suas pinturas são em grande parte religiosos,
como a Deposição (c. 1435) e São Lucas a retratar a Virgem, obras que a par do Tríptico Miraflores
pertencem ao início da sua carreira e, como tal, mostrando clara
influência de Robert Campin (provavelmente seu mestre) na característica
escultórica das figuras.
Pensa-se que o
Juízo Universal ainda não patenteia os conhecimentos que poderia ter adquirido em
Itália
e que mais tarde se mostrariam em obras suas, vendo-se nesta obra, pelo
contrário, a tendência ainda medieval preconizada por
Jan van Eyck.
Para a família
Médicis pintou um
Enterro e
Madona com o Menino e Quatro Santos e na década de 1450 pintou obras como o
Tríptico Bladelin, o
Políptico dos Sete Sacramentos, um tríptico com a
Crucifixão e a
Anunciação, e já no final da sua vida, além de retratos com tratamento de luz bastante elaborado, o
Tríptico de São João e o de
Santa Colomba.
(Daqui)
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