segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

"Gaivota" - Poema de Alexandre O’Neill


 
 


Gaivota


Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor, na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro
dos sete mares andarilho
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor, na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
morreria no meu peito,
meu amor, na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração. 

 
 
[Letra de Alexandre O’Neill, música de Alain Oulman,
 Amália RodriguesSónia Tavares (The Gift) cantam a “Gaivota” (aqui)]
 

  
Laurie Snow Hein, Seagull


"O correr das águas, a passagem das nuvens, o brincar das crianças, o sangue nas veias. 
Esta é a música de Deus."

(Hermann Hesse)
 
 
Hermann Hesse tinha uma cativante predileção por gatos
(Acervo: Arquivo Suíço de Literatura)  (daqui)
 
 
Hermann Hesse nasceu a 2 de julho de 1877, na Alemanha, e morreu a 9 de agosto de 1962 na Suíça, onde se refugiou durante a Primeira Guerra Mundial e adquiriu a nacionalidade em 1923. Em 1946 foi distinguido com o Nobel de Literatura. É considerado um verdadeiro escritor de culto, uma referência universal ancorada na exaltação que faz do indivíduo e na celebração de um certo misticismo oriental. Uma visita à Índia fê-lo descobrir uma cultura e modos de sentir que o fascinaram: Siddhartha, publicado em 1922, é o resultado prático dessa experiência.
 

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