Sir Arthur Streeton (1867-1943, Australian landscape painter), Spring, 1890,
Agora
Abre-te, Primavera!
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso.
Um poema indeciso
Entre a coragem e a covardia.
Um poema de lírica alegria
Refreada,
A temer ser tardia
E ser antecipada.
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso.
Um poema indeciso
Entre a coragem e a covardia.
Um poema de lírica alegria
Refreada,
A temer ser tardia
E ser antecipada.
Dantes, nascias
Quando eu te anunciava.
Cantava,
E no meu canto acontecias
Como o tempo depois te confirmava.
Cada verso era a flor que prometias
No futuro sonhado…
Agora, a lei é outra: principias,
E só então eu canto confiado.
São Martinho de Anta, 31 de Março de 1968.
in Diário X (5-10-1963 / 30-7-1968)
Sir Arthur Streeton, 'The purple noon's transparent might', 1896,
National Gallery of Victoria, Melbourne
Glória
Depois do Inverno, morte figurada,
A primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.
Miguel Torga,
Glória
Depois do Inverno, morte figurada,
A primavera, uma assunção de flores.
A vida
Renascida
E celebrada
Num festival de pétalas e cores.
Miguel Torga,
in Diário XIV (21-5-1982 / 11-1-1987)
Quando uma abelha
se enamora,
nasce uma flor.
(Haicai / Haikai / Haiku)
Sem comentários:
Enviar um comentário