terça-feira, 12 de abril de 2016

"Fantasia" - Poema de Alfredo Brochado



Gustave Léonard de Jonghe (Flemish painter, 1829–1893), 'Vanity'.
 


Fantasia


Há uma mulher em toda a minha vida,
Que não se chega bem a precisar.
Uma mulher que eu trago em mim perdida,
Sem a poder beijar.

Há uma mulher na minha vida inquieta.
Uma mulher? Há duas, muitas mais,
Que não são vagos sonhos de poeta,
Nem formas irreais.

Mulheres que existem, corpos, realidade,
Têm passado por mim, humanamente,
Deixando, quando partem, a saudade
Que deixa toda a gente. 

Mas coisa singular, essa que eu não beijei,
É quem me ilude, é quem me prende e quer.
Com ela sonho e sofro... Só não sei
Quem é essa mulher.


Alfredo Brochado, in "Bosque Sagrado"
 


Gustave Léonard de Jonghe, The Afternoon Siesta (A Reclining Odalisque), c. 1870.


"Amor, amar - eis uma ciência que todos aprendem sem mestre." 



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