quinta-feira, 6 de março de 2025

"Nós duas" - Poema de Colombina (Yde Schloenbach Blumenschein)


François Barraud (Swiss painter, 1899–1934), La Tailleuse de Soupe, 1933.


Nós duas 


Parecemo-nos muito; assim dizem — e eu o creio.
Além do mesmo sangue, almas iguais nós temos;
pois, pelo mesmo ideal e com o mesmo anseio,
dentro da vida, nós lutamos e sofremos.

Vemos na arte um refúgio, um oásis, um esteio
para a nossa inquietude, e num barco sem remos
vagamos à mercê do próprio devaneio,
sabendo que jamais à enseada chegaremos...

E, apesar de ela ter todo um sol na cabeça
e o nevoeiro do inverno a minha já embranqueça,
da angústia de minha alma a sua compartilha:

Ela pensa, eu medito... Ela sonha, eu me lembro...
Nossa pobreza é igual de dezembro a novembro:
Quem somos, afinal? Apenas, mãe e filha.


Colombina 
(Yde Schloenbach Blumenschein),
in "Versos em lá menor", 1930. 


 

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