Franz Xaver Winterhalter, ca.1865, Madame Barbe de Rimsky-Korsakov, 1864
óleo sobre tela, 117 × 90 cm, Musée d'Orsay, Paris .
A Bela Infanta
Estava a bela Infanta
No seu jardim assentada
Com o pente de oiro fino
Seus cabelos penteava.
Deitou os olhos ao mar
Viu uma nobre armada;
Capitão que nela vinha,
Muito bem que a governava.
- «Dize-me, ó capitão
Dessa tua nobre armada,
Se encontraste meu marido
Na terra que Deus pisava.»
- «Anda tanto cavaleiro
Naquela terra sagrada...
Diz-me tu, ó senhora,
As senhas que ele levava.»
- «Levava cavalo branco,
Selim de prata doirada;
Na ponta da sua lança
A cruz de Cristo levava.»
- «Pelos sinais que me deste
Lá o vi numa estacada
Morrer morte de valente:
Eu sua morte vingava.»
- «Ai triste de mim viúva,
Ai triste de mim coitada!
De três filhinhas que tenho,
Sem nenhuma ser casada!...»
- «Que darias tu, senhora,
A quem no trouxera aqui?»
- «Dera-lhe oiro e prata fina,
Quanta riqueza há por aí.»
- «Não quero oiro nem prata,
Não nos quero para mim:
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?»
- «De três moinhos que tenho,
Todos três tos dera a ti;
Um mói o cravo e a canela,
Outro mói do gerzeli:
Rica farinha que fazem!
Tomara-os el-rei para si.»
- «Os teus moinhos não quero,
Não nos quero para mim:
Que darias mais, senhora,
A quem to trouxera aqui?»
- «As telhas do meu telhado
Que são de oiro e marfim.»
- «As telhas do teu telhado
Não nas quero para mim:
Que darias mais, senhora,
A quem no trouxera aqui?»
- «De três filhas que tenho,
Todas três te dera a ti:
Uma para te calçar,
Outra para te vestir,
A mais formosa de todas
Para contigo dormir.»
- «As tuas filhas, infanta,
Não são damas para mim:
Dá-me outra coisa, senhora,
Se queres que o traga aqui.»
- «Não tenho mais que te dar,
Nem tu mais que me pedir.»
- «Tudo, não, senhora minha,
Que inda não te deste a ti.»
- «Cavaleiro que tal pede,
Que tão vilão é de si,
Por meus vilões arrastado
O farei andar aí
Ao rabo do meu cavalo,
À volta do meu jardim.
Vassalos, os meus vassalos,
Acudi-me agora aqui!»
- «Este anel de sete pedras
Que eu contigo reparti...
Que é dela a outra metade?
Pois a minha, vê-la aí!»
- «Tantos anos que chorei,
Tantos sustos que tremi!...
Deus te perdoe, marido,
Que me ias matando aqui.»
Almeida Garrett, Romanceiro
Litografia de Almeida Garrett por Pedro Augusto Guglielm
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett e mais tarde visconde de Almeida Garrett, (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854) foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett...
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na Ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett...
Franz Xaver Winterhalter, A imperatriz Eugênia rodeada de suas damas de honra, 1855,
Château de Compiègne
Château de Compiègne
"Pouco importa o julgamento dos outros. Os seres são tão contraditórios que é impossível atender às suas demandas, satisfazê-los. Tenha em mente simplesmente ser autêntico e verdadeiro..." - Dalai Lama
Franz Xaver Winterhalter, ca.1865
Franz Xaver Winterhalter, (20 de abril de 1805 - 08 de julho de 1873) foi um pintor e litógrafo alemão, conhecido por seus retratos da realeza em meados do século XIX.
Entre as suas obras mais conhecidas são A Imperatriz Eugénia rodeada de suas damas de honra, 1855, (The Empress Eugénie Surrounded by her Ladies in Waiting, 1855) e os retratos que fez da Imperatriz Elisabeth da Áustria (1865).
Apesar de se encaixar na grande corrente neoclássica-romântica de meados do século XIX, sua obra não tem muitos paralelos entre os outros pintores do período, e, por vezes, ele é chamado de um neo-rococó.
Após sua morte, sua pintura caiu em desuso sendo considerado romântico, brilhante e superficial. Pouco se sabia sobre ele pessoalmente e sua arte não era levada a sério.
Após sua morte, sua pintura caiu em desuso sendo considerado romântico, brilhante e superficial. Pouco se sabia sobre ele pessoalmente e sua arte não era levada a sério.
No entanto, recentemente, recebeu uma apreciação bastante favorável que o trouxe para a ribalta novamente, especialmente depois da realização de uma grande exposição de seu trabalho na National Portrait Gallery de Londres e no Petit Palais de Paris, em 1987. Hoje suas pinturas figuram nos maiores museus da Europa e dos Estados Unidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário