Cecelia Webber, Digital photographic image
Não basta abrir a janela
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.
4-1923
Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”, in Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”, in Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.
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"Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia..."
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
Alicia Keys - No One
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