segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

"Não basta abrir a janela" - Poema de Alberto Caeiro


Cecelia Webber, Digital photographic image
 


Não basta abrir a janela


Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela. 

4-1923 

Alberto Caeiro
, in “Poemas Inconjuntos”
(Heterónimo de Fernando Pessoa)
1ª publ. in “Poemas Inconjuntos”, in Athena, nº 5. Lisboa: Fev. 1925.


Cecelia Webber, Digital photographic image


"Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia..." 

(Heterónimo de Fernando Pessoa)


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