sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"Idílio" - Poema de Antero de Quental


Jane Maria Bowkett (British, 1837-1891), A breezy day



Idílio 


Quando nós vamos ambos, de mãos dadas, 
Colher nos vales lírios e boninas, 
E galgamos dum fôlego as colinas 
Dos rocios da noite inda orvalhadas; 

Ou, vendo o mar das ermas cumeadas 
Contemplamos as nuvens vespertinas, 
Que parecem fantásticas ruínas 
Ao longo, no horizonte, amontoadas: 

Quantas vezes, de súbito, emudeces! 
Não sei que luz no teu olhar flutua; 
Sinto tremer-te a mão e empalideces 

O vento e o mar murmuram orações, 
E a poesia das coisas se insinua 
Lenta e amorosa em nossos corações. 


Antero de Quental,
in "Sonetos" 


Sting - Desert Rose


"A alegria e o amor são as duas grandes asas para os grandes feitos." 

(Johan Wolfgang Von Goethe)


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