A flautear em vale agreste
A flautear em vale agreste,
A flautear canção feliz,
Das nuvens uma criança
Vem sorridente e me diz:
“Toca a canção de um Cordeiro!”
Toquei-a com alegria.
“Flautista, toca de novo.”
Toquei: a chorar me ouvia.
“Deixa a flauta, a fácil flauta;
Canta os cantos de alegria.”
Cantei tudo o que tocara;
De gozo a chorar me ouvia.
“Senta-te e escreve, flautista,
Num livro, a que possam ler.”
E ela sumiu-me da vista:
E um junco então fui colher,
E fiz uma pena rude,
E manchei as águas mansas,
E escrevi minhas canções
Que hão de alegrar as crianças…
Introdução, seleção, tradução e notas Paulo Vizioli.
Edição bilíngue. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.
Judith Leyster, Self-Portrait, c. 1630, National Gallery of Art.
"Quando vozes de crianças se ouvem na relva,
E risos se ouvem nas colinas
Meu coração descansa no meu peito,
E todo o resto fica sereno."
Nelly Furtado - All Good Things (Come To An End)
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