Perseverança
Não digas que o trabalho é desperdiçado,
Nem que o esforço falha ou parece, no fundo;
Não digas que aquele ao dever curvado
É um entre os tantos sonhos do mundo.
Pois não é em vão que em golpes seguidos,
Com pressa medida, em fragor crescente,
O mar atua nos rochedos batidos
E invade a praia, ruidosamente.
É certo que enfrentam suas investidas,
Do seu bater forte parecem troçar,
Esmagam com força as vagas erguidas
E em espuma fazem as ondas rasgar.
Mas ele bate e bate com força
Em dias, semanas, em meses e anos,
Até que apareça mossa sobre mossa
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos.
E os anos passam, as gerações vão,
E menores se quedam as rochas cavadas;
Mas ele, com lenta e firme precisão,
Baterá na terra suas altas vagas.
Certo como o sol e despercebido
Como duma árvore é o seu crescer,
Trabalha, trabalha sem ser iludido
P'la tenaz imagem que se pode ver.
E quando o seu fim de todo obtém,
Em sonoro embate, p'ra fender, se lança,
Seu poder imenso ainda mantém
E, inda mais além, nas águas avança.
Nem que o esforço falha ou parece, no fundo;
Não digas que aquele ao dever curvado
É um entre os tantos sonhos do mundo.
Pois não é em vão que em golpes seguidos,
Com pressa medida, em fragor crescente,
O mar atua nos rochedos batidos
E invade a praia, ruidosamente.
É certo que enfrentam suas investidas,
Do seu bater forte parecem troçar,
Esmagam com força as vagas erguidas
E em espuma fazem as ondas rasgar.
Mas ele bate e bate com força
Em dias, semanas, em meses e anos,
Até que apareça mossa sobre mossa
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos.
E os anos passam, as gerações vão,
E menores se quedam as rochas cavadas;
Mas ele, com lenta e firme precisão,
Baterá na terra suas altas vagas.
Certo como o sol e despercebido
Como duma árvore é o seu crescer,
Trabalha, trabalha sem ser iludido
P'la tenaz imagem que se pode ver.
E quando o seu fim de todo obtém,
Em sonoro embate, p'ra fender, se lança,
Seu poder imenso ainda mantém
E, inda mais além, nas águas avança.
Alexander Search, in "Poesia"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Alexander Search é um dos vários heterónimos criados pelo poeta e escritor português Fernando Pessoa. Foi criado em 1899, quando Pessoa ainda era estudante e vivia na África do Sul (1896-1905) acompanhando sua mãe e padrasto, que era diplomata. Com este nome, o poeta escrevia cartas a si mesmo, além de poemas escritos em inglês e português em 1903. Alem deste heterónimo, Pessoa criou ao longo da sua vida imensos outros, incluindo um irmão deste Alexander Search, o qual deu o nome de Charles James Search.
É possível, apesar do pouco que se conhece desta parte da obra do autor, dar a estes poemas a sua autoria: Ao Meu Maior Amigo; Fraternidade; Piedade? Não!; O Mundo; Mania da Dúvida; Quem Sonha Mais?; Dor Suprema; Morte em Vida; Sonhos; Homens do Presente; Soneto de um Céptico; Perfeição; Perseverança.
É possível, apesar do pouco que se conhece desta parte da obra do autor, dar a estes poemas a sua autoria: Ao Meu Maior Amigo; Fraternidade; Piedade? Não!; O Mundo; Mania da Dúvida; Quem Sonha Mais?; Dor Suprema; Morte em Vida; Sonhos; Homens do Presente; Soneto de um Céptico; Perfeição; Perseverança.
Carl Svante Hallbeck
Carl Svante Hallbeck (14 de abril de 1826, Gothenburg, Suécia - 17 dezembro de 1897, Everett, Massachusetts, Estados Unidos) foi um ilustrador e pintor sueco.
Carl Svante Hallbeck, Mondnacht
"A inconstância deita tudo a perder, na medida em que não deixa germinar nenhuma semente."
Henri Amiel
Henri Frédéric Amiel
Suiça, 1821 // 1881
Escritor/Poeta/Filósofo
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