quinta-feira, 13 de junho de 2019

"Paz" - Poema de Teixeira de Pascoaes




Como ao terror do Inferno
Sucedeu
O horror do Nada!
A inquietação moderna,
A antevisão
Da cósmica catástrofe,
Prometida
Por sábios e teólogos
Apocalípticos.
Divino Orfeu, vem tu, salvar-nos.
Tange de novo a Lira!
Amansa as feras.
Que o teu cantar volatilize
A estátua em bronze do Deus Marte!
A esculpa, em oiro amanhecente,
Sobre o mais alto
Píncaro do mundo,
O Anjo simbólico
Da Paz!


Teixeira de Pascoaes, 
Últimos Versos,
 in Obras Completas de Teixeira de Pascoaes


A alma não é mais
Que transcendente imagem
De tudo quanto abrange
A luz do nosso olhar.
É o retrato perfeito
E fiel duma paisagem:
Tem uma serra ao fundo, e, depois dela, o mar.


Teixeira de Pascoaes



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