terça-feira, 11 de junho de 2019

"Primavera" - Poema de Augusto dos Anjos


Patrick William Adam, In the Garden, the Knoll, North Berwick, 1915
 

Primavera

A meu irmão Odilon dos Anjos


Primavera gentil dos meus amores,
- Arca cerúlea de ilusões etéreas,
Chova-te o Céu cintilações sidéreas
E a terra chova no teu seio flores!

Esplende, Primavera, os teus fulgores,
Na auréola azul dos dias teus risonhos,
Tu que sorveste o fel das minhas dores
E me trouxeste o néctar dos teus sonhos!

Cedo virá, porém, o triste outono,
Os dias voltarão a ser tristonhos
E tu hás de dormir o eterno sono,

Num sepulcro de rosas e de flores,
Arca sagrada de cerúleos sonhos,
Primavera gentil dos meus amores!


Augusto dos Anjos


Patrick William Adam, Tulips, Forgetmenots, 1928


Repuxo Iluminado

 
Em líquidos caules,
irisadas flores d'água
cintilam ao sol.


Helena Kolody
(Haicai) 
 
 

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