Cantiga de Amor
Mulheres neste mundo de meu Deus
Tenho visto muitas — grandes, pequenas,
Ruivas, castanhas, brancas e morenas.
E amei-as, por mal dos pecados meus!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Andei por São Paulo e pelo Ceará
(Não falo em Pernambuco, onde nasci)
Bahia, Minas, Belém do Pará...
De muito olhar de mulher já sofri!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Atravessei o mar e, no estrangeiro,
Em Paris, Basileia e nos Grisões,
Lugano, Gênova por derradeiro,
Vi mulheres de todas as nações.
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Mulher bonita não falta, ai de mim!
Nenhuma porém, tão bonita assim!
Manuel Bandeira (1886–1968), Poesia completa e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986 - p. 418-419.
Marilyn Monroe
Atriz norte-americana, e um dos grandes símbolos sexuais do cinema, nascida a 1 de junho de 1926, em Los Angeles, na Califórnia, e falecida a 5 de agosto de 1962, também na Califórnia. De seu nome verdadeiro Norma Jean Mortensen, viveu uma infância
atribulada, com o pai a abandonar o lar e a mãe a sofrer problemas
mentais. Educada num orfanato, casou-se aos 16 anos com um homem que lhe
infligia maus tratos. Torna-se operária fabril e mais tarde modelo de pin-ups.
Em 1946, é contratada pela 20th Century Fox como figurante, participando nessa condição em filmes como The Shocking Miss Pilgrim (1947), The Asphalt Jungle (Quando a Cidade Dorme, 1950), All About Eve (Eva, 1950) e Monkey Business (A Culpa Foi do Macaco, 1952).
Foi Howard Hawks quem reparou no seu potencial, colocando-a como protagonista ao lado de Jane Russell na comédia Gentlemen Prefer Blondes (Os Homens Preferem as Louras, 1953). O filme é um sucesso retumbante, elevando Monroe à categoria de «diva loura» e de símbolo sexual.
Depois de filmar o western River of No Return (Rio Sem Regresso,
1954), teve um casamento mediático com a estrela do basebol Joe Di
Maggio, ligação que durou 18 meses.
Filmou pela primeira vez sob a
orientação de Billy Wilder em The Seven Year Itch (O Pecado Mora ao Lado,
1956), um grande êxito a nível internacional. Apostada em consagrar-se
como atriz dramática, decide matricular-se no Actors Studio, tornando-se
colega de Montgomery Clift, de quem se torna grande amiga.
Em Nova Iorque, conhecerá o dramaturgo Arthur Miller com quem se casará em finais de 1956. Com o seu contrato reforçado, protagoniza a comédia Bus Stop (Paragem de Autocarro, 1956) e The Prince and the Showgirl (O Príncipe e a Corista,
1957), mas o último falharia nas bilheteiras. Quase simultaneamente, a
sua vida pessoal torna-se muito instável: o seu casamento com Miller
estava a passar por uma crise, obrigando a atriz a refugiar-se no álcool
e nas drogas. Será Billy Wilder quem a convencerá a interpretar aquele
que seria o papel mais célebre da sua carreira: o de Sugar Kane, uma
intérprete musical que sonha em casar com um milionário na comédia Some Like It Hot (Quanto Mais Quente Melhor, 1959). Em seguida, contracenou com Yves Montand em Let's Make Love (Vamo-nos Amar,
1960).
Vítima de sucessivas depressões nervosas, a fragilidade da atriz
começou a causar-lhe numerosos dissabores profissionais: durante as
rodagens de The Misfits (Os Inadaptados, 1961), foram constantes as suas discussões com o realizador John Huston e Clark Gable,
para além de numerosos atrasos. Paralelamente, circulavam boatos das
suas ligações afetivas clandestinas com o presidente John Kennedy e com Robert Kennedy.
No dia 5 de agosto de 1962, um mês depois de ter sido despedida por George Cukor das filmagens de
Something's Got to Give
(1962), a atriz foi encontrada inanimada na cama do seu apartamento. A
autópsia revelou suicídio por ingestão de barbitúricos, mas a hipótese
de crime ainda hoje é ventilada.
(daqui)