Setembro
agora o outono chega, nos seus plácidos
meneios pelas vinhas, um dos vizinhos passa
um cabaz de maçãs por sobre a vedação:
redondas, verdes, o seu perfume vai
dentro de quinze dias ser mais forte.
a noite cai mais cedo e apetece
guardar certos vermelhos da folhagem
e amarelos e castanhos nas ladeiras
de setembro. a rádio fala no tempo variável
que vem aí dentro de dias. talvez caia
uma chuvinha benfazeja, a pôr no ponto certo
os bagos de uva. e há poalhas morosas, mais douradas.
aproveita-se o outono no macio
enchimento dos frutos para colhê-lo a tempo.
devagar, devagar. é mais doce no outono a tua pele.
Vasco Graça Moura, in "Poesia 2001/2005",
Quetzal Editores, 2006.
As vindimas têm lugar, habitualmente, em setembro, após uma decisão nesse sentido tomada pelos enólogos, que desde o final de agosto anterior analisam amostragens para controlar a maturação das uvas, assim como a acidez, peso e cor. É necessário encontrar o grau de acidez indicado porque com o passar do tempo os ácidos transformam-se em açúcares, o que leva a um aumento do álcool.
Cabe aos produtores, em função da casta, determinar a relação que mais lhes convém em função do tipo de vinho que pretendem produzir. Posteriormente, deve ser feito o transporte dos cachos nas melhores condições, já que, devido ao calor próprio da época, as uvas amassadas começam a fermentar antes do tempo.
Também é possível prever a melhor altura para as vindimas através de um método popular que consiste em verificar quando murcham os pés das uvas e as peles dos bagos começam a contrair.
Marcada a data da vindima, a cada propriedade onde há cultivo de uvas acorrem então dezenas de trabalhadores sazonais, normalmente oriundos das terras vizinhas, e é iniciado um dos mais característicos momentos da etnografia portuguesa. Muitas vezes são famílias completas que se deslocam para as vindimas, numa tradição que atravessa gerações: as mulheres, auxiliadas pelas crianças, cortam os cachos, que são colocados em cestas de vime. Cabe então aos homens transportar estes cestos para os lagares. Antigamente eram grupos de homens que pisavam as uvas, sistema que gradualmente foi sendo substituído por métodos mecânicos.
Na época das vindimas são organizadas nas diferentes terras ou regiões onde existe esta atividade as chamadas Festas das Vindimas, uma tradição histórica que atrai imensos turistas, como acontece, por exemplo, na região do Douro, a mais antiga região demarcada de vinho do mundo. (daqui)
- Trinta dias tem Novembro, Abril, Junho e Setembro; de vinte e oito, só há um, e os mais têm trinta e um.
- Em Setembro, ardem os montes e secam as fontes.
- Em Setembro, planta, colhe e cava que é mês para tudo.
- Setembro a comer e a colher.
- Setembro molhado, figo estragado.
- Setembro ou seca as fontes ou leva as pontes.
- Agosto, debulhar, Setembro, vindimar.
- Corra o ano como for, haja em Agosto e Setembro calor.
- Arranja bom Setembro, com a burra fico eu.
- Chuvas verdadeiras, em Setembro as primeiras.
- Em Setembro palha no palheiro e meninas ao candeeiro.
- Em Setembro ramo curto, vindima longa.
- Em Setembro secam as fontes e as chuvas lavam as pontes.
- Em Setembro semeia o teu pão.
- No pó semeia, que Setembro to pagará.
- Se em Setembro a cigarra cantar, não compres trigo para guardar.
- Setembro cara de poucos amigos, cara de figos.
- Setembro é o Maio do Outono.
- Setembro que enche o celeiro dá triunfo ao rendeiro.
- Agosto tem a culpa, e Setembro leva a fruta.
- Nuvens em Setembro: chuva em Novembro e neve em Dezembro.
- Agosto madura, Setembro vindima.
- Em Setembro tem Deus a mesa posta.
- Para vindimar deixa o Setembro acabar.
- Vindima molhada, pipa depressa despejada.
- Agosto arder, Setembro beber.
- Em Agosto secam os montes e em Setembro as fontes.
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