Marie-Guillemine Benoist (French neoclassical, historical, and genre painter, 1768 –1826),
Portrait d'une négresse, now known as Portrait de Madeleine, 1800,
Paris, Musée du Louvre.
Meu amor da Rua Onze
Tantas juras nós trocámos,
Tantas promessas fizemos,
Tantos beijos nos roubámos,
Tantos abraços nós demos.
Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais mentir.
Meu amor da Rua Onze,
Meu amor da Rua Onze,
Já não quero
Mais fingir.
Era tão grande e tão belo
Nosso romance de amor
Que ainda sinto o calor
Das juras que nós trocámos.
Era tão bela, tão doce
Nossa maneira de amar
Que ainda pairam no ar
As promessas que fizemos.
Nossa maneira de amar
Era tão doida, tão louca
Qu'inda me queimam a boca
Os beijos que nos roubámos.
Tanta loucura e doidice
Tinha o nosso amor desfeito
Que ainda sinto no peito
Os abraços que nós demos.
E agora
Tudo acabou.
Terminou
Nosso romance.
Quando te vejo passar
Com o teu andar
Senhoril,
Sinto nascer
E crescer
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
De escultura
Cor de bronze,
Meu amor da Rua Onze.
Aires de Almeida Santos,
do livro "Meu Amor da Rua Onze"
Uma saudade infinita
Do teu corpo gentil
De escultura
Cor de bronze,
Meu amor da Rua Onze.
Aires de Almeida Santos,
do livro "Meu Amor da Rua Onze"
"Meu Amor da Rua Onze" de Aires de Almeida Santos
Da autoria do poeta benguelense Aires de Almeida Santos, "Meu Amor da Rua Onze" foi editado pela União de Escritores Angolanos.
Compilação preparada por alguns amigos, "Meu Amor da Rua Onze" é o fruto de uma pesquisa e reunião do conjunto de poemas do autor que, por força dos condicionalismos políticos anteriores ao 25 de abril de 1974, se encontravam dispersos. Na verdade, dispondo já, nesta altura, de uma obra admirável, embora escassa, que continha em si mesma a génese da angolanidade, tornava-se imprescindível a sua organização.
Embora reunidos apenas depois da independência de Angola, alguns destes poemas foram, no entanto, escritos durante a década de quarenta, período caracterizado por uma fecunda criação literária associada ao aprofundamento da mensagem política de nacionalismo e liberdade. Respondendo ao apelo desta consciência revolucionária, o autor, através de uma escrita "subtil", desenvolve uma poesia de pendor africano perpassada por um lirismo profundamente telúrico, onde as cores, os sons e os cheiros apelam aos sentidos:
Compilação preparada por alguns amigos, "Meu Amor da Rua Onze" é o fruto de uma pesquisa e reunião do conjunto de poemas do autor que, por força dos condicionalismos políticos anteriores ao 25 de abril de 1974, se encontravam dispersos. Na verdade, dispondo já, nesta altura, de uma obra admirável, embora escassa, que continha em si mesma a génese da angolanidade, tornava-se imprescindível a sua organização.
Embora reunidos apenas depois da independência de Angola, alguns destes poemas foram, no entanto, escritos durante a década de quarenta, período caracterizado por uma fecunda criação literária associada ao aprofundamento da mensagem política de nacionalismo e liberdade. Respondendo ao apelo desta consciência revolucionária, o autor, através de uma escrita "subtil", desenvolve uma poesia de pendor africano perpassada por um lirismo profundamente telúrico, onde as cores, os sons e os cheiros apelam aos sentidos:
"(...) No quintal de minha casa/Vestido de prata nas noites de luar,/As sombras das mangueiras/Eram rendas/Espalhadas/Pelo chão".
Reflexo de uma incondicional paixão pela terra adotiva - a cidade de Benguela - os seus poemas constituem-se numa permanente evocação de um espaço e de um tempo que é o da infância, onde se respira, enquanto manifestação da saudade, os ares da sua velha cidade, com as suas acácias e mulembas, os seus bairros típicos e a sua praia morena:
Reflexo de uma incondicional paixão pela terra adotiva - a cidade de Benguela - os seus poemas constituem-se numa permanente evocação de um espaço e de um tempo que é o da infância, onde se respira, enquanto manifestação da saudade, os ares da sua velha cidade, com as suas acácias e mulembas, os seus bairros típicos e a sua praia morena:
"(...) Onde está o meu quintal/Vestido de prata nas noites de luar,/Com rendas de sombras espalhadas pelo chão?/Onde estão esses meninos/Que riam chorando/Dalgum trambulhão?"
Contendo os dezanove poemas escritos pelo autor, esta antologia teve e continua a ter uma grande aceitação nos meios literários nacionais e internacionais, destacando-se, pela sua popularidade, os seguintes textos: "A mulemba secou"; "Quem tem o canhé?" e "Meu Amor da Rua Onze" que simbolicamente deu origem ao título do livro. (daqui)
Contendo os dezanove poemas escritos pelo autor, esta antologia teve e continua a ter uma grande aceitação nos meios literários nacionais e internacionais, destacando-se, pela sua popularidade, os seguintes textos: "A mulemba secou"; "Quem tem o canhé?" e "Meu Amor da Rua Onze" que simbolicamente deu origem ao título do livro. (daqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário