segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

"Vou gota a gota" - Poema de Armando Freitas Filho


Gustave Caillebotte (French painter, 1848–1894), Baigneurs, 1878.
Private collection
 


Vou gota a gota


Vou gota a gota
aos poucos
mas apesar de todo cálculo
e de tanta cautela
acabo não me poupando
pois estou sempre na ponta
do trampolim
e o tempo aí já não cuida
de segurar nada — não sabe —
conter-se nem contar
o que de facto aconteceu:
se foi voo, queda ou mergulho.


Armando Freitas Filho, no livro "3 x 4", 
Nova Fronteira, de 1985. 
 

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