Poema
Para isso vim...
Não, não foi para isso que cheguei.
Vim para dar-te o pássaro, inédito de voos,
que há em mim.
Vim para secar o pranto
desse alguém que não és, mas que sonhei.
Vim para ver-te como queria que fosses
– tão indizível em mim. Tão indizível!
Vim para o refúgio da noite
e o doloroso presságio das manhãs.
Vim – campo, rosa, nuvem, pedra,
rio adormecido, luz.
Para isso vim e perdi-me.
Vim para dar-te o pássaro, inédito de voos,
que há em mim.
Vim para secar o pranto
desse alguém que não és, mas que sonhei.
Vim para ver-te como queria que fosses
– tão indizível em mim. Tão indizível!
Vim para o refúgio da noite
e o doloroso presságio das manhãs.
Vim – campo, rosa, nuvem, pedra,
rio adormecido, luz.
Para isso vim e perdi-me.
Lara de Lemos, em "Poço das Águas Vivas"
Porto Alegre: Globo, 1957.
"Quando
mocinhas, elas podiam escrever seus pensamento e estados d´alma (em
prosa e em verso) nos diários de capa acetinada com vagas pinturas
representando flores ou pombinhos brancos levando um coração no bico.
Nos diários mais simples, cromos coloridos de cestinhos floridos ou
crianças abraçadas a um cachorro. Depois de casadas, não tinha mais
sentido pensar sequer em guardar segredos, que segredo de uma mulher
casada só podia ser bandalheira. Restava o recurso do cadernão do
dia-a-dia, onde, de mistura com os gastos da casa cuidadosamente
anotados e somados no fim do mês, elas ousavam escrever alguma lembrança
ou confissão que se juntava na linha adiante com o preço do pó de café e
da cebola."
"Não acho maravilhoso envelhecer. A gente envelhece na marra, porque não há mesmo outro jeito, já fui a tantas estações de águas, já bebi de tantas fontes – onde a Fonte da Juventude, onde?
Lygia Fagundes Telles, A Disciplina do Amor, 1980.
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