Ciclo do Ouro, 1892, em exposição no Museu Paulista.
Minha culpa
Minha culpa são “as correntes da escravidão”, por muito tempo
o barulho do ferro caindo ao longo dos anos.
Este irmão vendido, esta irmã que se foi,
tornam-se uma cera amarga tapando os meus ouvidos.
Minha culpa fez música com as lágrimas.
Meu crime são “os heróis mortos e esquecidos”,
Vesey, Turner, Gabriel, mortos,
Malcolm, Marcus, Martin King, mortos.
Eles lutaram pesado e amaram bem.
Meu crime é estar viva para contar.
Meu pecado é “estar pendurada numa árvore”,
Eu não grito, isso me deixa orgulhosa.
Decidi morrer como um homem.
Faço isso para impressionar a multidão.
Meu pecado é não gritar mais alto.
Maya Angelou, in "Poesia Completa"
Editora: Astral Cultural, 2020
Tradução de Lubi Prates
* * *
Minha culpa
Minha culpa são “as correntes da escravidão”, por muito tempo
o barulho do ferro caindo ao longo dos anos.
Este irmão vendido, esta irmã que se foi,
tornam-se uma cera amarga tapando os meus ouvidos.
Minha culpa fez música com as lágrimas.
Meu crime são “os heróis mortos e esquecidos”,
Vesey, Turner, Gabriel, mortos,
Malcolm, Marcus, Martin King, mortos.
Eles lutaram pesado e amaram bem.
Meu crime é estar viva para contar.
Meu pecado é “estar pendurada numa árvore”,
Eu não grito, isso me deixa orgulhosa.
Decidi morrer como um homem.
Faço isso para impressionar a multidão.
Meu pecado é não gritar mais alto.
Maya Angelou, in "Poesia Completa"
Editora: Astral Cultural, 2020
Tradução de Lubi Prates
* * *
My guilt
(original)
(original)
My guilt is “slavery’s chains,” too long
the clang of iron falls down the years.
This brother’s sold, this sister’s gone,
is bitter wax, lining my ears.
My guilt made music with the tears.
My crime is “heroes, dead and gone,”
dead Vesey, Turner, Gabriel*,
dead Malcolm, Marcus, Martin King.
They fought too hard, they loved too well.
My crime is I’m alive to tell.
My sin is “hanging from a tree,”
I do not scream, it makes me proud.
I take to dying like a man.
I do it to impress the crowd.
My sin lies in not screaming loud.
the clang of iron falls down the years.
This brother’s sold, this sister’s gone,
is bitter wax, lining my ears.
My guilt made music with the tears.
My crime is “heroes, dead and gone,”
dead Vesey, Turner, Gabriel*,
dead Malcolm, Marcus, Martin King.
They fought too hard, they loved too well.
My crime is I’m alive to tell.
My sin is “hanging from a tree,”
I do not scream, it makes me proud.
I take to dying like a man.
I do it to impress the crowd.
My sin lies in not screaming loud.
Nota: Vesey, Turner e Gabriel, assim como os também citados (e mais conhecidos) Malcolm X, Marcus Garvey e Martin Luther King, foram lutadores pela liberdade dos negros. (daqui)

Maya Angelou, photo by Deborah Feingold (daqui)
Maya Angelou, escritora norte-americana, cujo nome de nascimento é Marguerite Johnson, nasceu a 4 de abril em 1928, no Missouri, e morreu a 28 de maio de 2014, na Carolina do Norte.
Uma das temáticas recorrentes na sua obra gira em torno das pressões sociais exercidas sobre as mulheres afro-americanas. Após um percurso vivencial cujo itinerário se estende desde St. Louis e S. Francisco até ao Egito e ao Gana, publicou, em 1970, o romance, de cunho autobiográfico, I Know Why the Caged Bird Sings com o qual alcançou notoriedade pública.
O romance seguinte, Gather Together in My Name, descreve não só a sua demanda de identidade mas a luta pela sobrevivência como mãe solteira. Seguem-se outros romances, igualmente de teor autobiográfico, nomeadamente All God's Children Need Traveling Shoes, onde examina a relação entre a África e a cultura negra na América.
Autora de numerosos artigos literários e jornalísticos, escreveu também diversas peças para o teatro e televisão bem como alguns volumes de poesia, incluindo Just Give Me a Cool Drink of Water 'fore I Diiie, And Still I Rise e Shaker, Why Don't You Sing?. (daqui)
Uma das temáticas recorrentes na sua obra gira em torno das pressões sociais exercidas sobre as mulheres afro-americanas. Após um percurso vivencial cujo itinerário se estende desde St. Louis e S. Francisco até ao Egito e ao Gana, publicou, em 1970, o romance, de cunho autobiográfico, I Know Why the Caged Bird Sings com o qual alcançou notoriedade pública.
O romance seguinte, Gather Together in My Name, descreve não só a sua demanda de identidade mas a luta pela sobrevivência como mãe solteira. Seguem-se outros romances, igualmente de teor autobiográfico, nomeadamente All God's Children Need Traveling Shoes, onde examina a relação entre a África e a cultura negra na América.
Autora de numerosos artigos literários e jornalísticos, escreveu também diversas peças para o teatro e televisão bem como alguns volumes de poesia, incluindo Just Give Me a Cool Drink of Water 'fore I Diiie, And Still I Rise e Shaker, Why Don't You Sing?. (daqui)

Sem comentários:
Enviar um comentário