Maria Helena Vieira da Silva, Biblioteca em Fogo, óleo sobre tela, 1974.
Atualmente no Museu Calouste Gulbenkian
O Baile
Névoa em surdina
A sombra que acompanha
As finas pernas a dançar na tarde.
Jogo de jovens corpos.
Música de montanha,
Num tempo teu e meu
De eternidade.
E eu, as duas estranhas.
Olha quem toca o ponto
Que há no fim!
Ao fim de mim,
No ponto para que vim.
Ao fim de mim
No ponto donde vim.
Vulto de agulha
Em fumo de água e lenha.
Eu, as duas estranhas.
É sempre pelos outros que falamos.
Eu, as duas estranhas, por mim falam.
Em estradas como ramos
oscilamos. E vamos
Convergentes, dispersas, disparadas
Pelos tiros de magos inocentes
Do caos ao sol
Em gradações de escadas.
Ouve-se às vezes uma voz: — Presente!
E já no corpo as almas vão trocadas.
Foi em concretos dias de sol-posto,
Em fábricas de fios de uma aranha,
Que se teceram
Em finíssimas teias de desgosto,
(Eu) as duas estranhas.
in 'Antologia Poética'
Pintores Portugueses
Vieira da Silva
Pintora portuguesa. Nasceu em Lisboa em 1908. Faleceu em 1992.
Júlio Resende
Pintor português. Nasceu no Porto em 1917.
Júlio Pomar
Artista plástico português. Nasceu em Lisboa em 1929.
Manuel Cargaleiro
Artista plástico português. Nasceu em Vila Velha de Ródão em 1927.
Paula Rego
Pintora portuguesa. Nasceu em Lisboa em 1935.
Graça Morais
Pintora portuguesa. Nasceu em Vieiro, Bragança em 1948
Nadir Afonso
Pintor e arquitecto português. Nasceu em Chaves em 1920.
Mário Botas
Pintor português. Nasceu em 1952 na Nazaré. Faleceu em 1983.
Cruzeiro Seixas
Poeta e pintor surrealista português. Nasceu na Amadora em 1920.
Sem comentários:
Enviar um comentário