Carl Schweninger der Ältere (1818-1887), Hochgebirgslandschaft
Tentei fugir da mancha mais escura
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.
Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.
Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...
Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.
David Mourão Ferreira,
Infinito Pessoal,
Obra Poética, 4.ª Edição, Editorial Presença
Camané - "Tentei Fugir da Mancha Mais Escura"
Poema de David Mourão-Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário