Auguste-Émile Pinchart (French painter, 1842-1920), Autumn fantasy, 1874
Não quero amar mais ninguém
Não quero amar mais ninguém
Quereis que eu cante na lira
Os meus amores? Pois bem;
Os meus amores são sonhos,
Eu nunca amei a ninguém.
Temi que, amando na terra,
De amor me viesse algum mal.
Criei no céu meus amores,
Amei ao meu ideal.
Oh! nem sabeis quanto é belo
Um ideal de mulher!
É belo como arcanjos,
Aos pés do Supremo Ser.
É grato, belo, é deleite,
Encanta, enleia, seduz,
Como nas trevas da noite
Se brilha ao longe uma luz.
Fala... sua voz é saltério;
São gratos hinos a Deus;
São acentos misteriosos;
Que sobem puros aos céus.
Se nos sorri, — seu sorriso,
São ternos votos de amor;
São como gota de orvalho
De leve beijando a flor.
P’ra que amores na terra,
Se amo ao meu ideal?
Amores que cavam prantos,
Amores que fazem mal!...
E teço-lhe grinalda de poesia,
Singela, e odorosa;
E dos anjos escuto a melodia
A voz harmoniosa.
E um doce ambiente se respira,
E mais doce langor;
Expande-se meu peito — a alma suspira
Ofegante de amor.
E a música celeste recomeça
Ao som de nosso amor:
Mistério! A lua é pura... a flor começa
A vestir-se de odor.
É tudo belo... toda a relva é flor,
Todo o ar poesia!
O prazer é do céu... aí o amor
É hino de harmonia.
Que importa que sejam sonhos
Os meus amores? Pois bem,
Eu quero amores sonhando,
Não quero amar mais ninguém.
Maria Firmina dos Reis, in "Cantos à beira-mar",
“Se você ama, sofre. Se não ama, adoece.”
Os meus amores? Pois bem;
Os meus amores são sonhos,
Eu nunca amei a ninguém.
Temi que, amando na terra,
De amor me viesse algum mal.
Criei no céu meus amores,
Amei ao meu ideal.
Oh! nem sabeis quanto é belo
Um ideal de mulher!
É belo como arcanjos,
Aos pés do Supremo Ser.
É grato, belo, é deleite,
Encanta, enleia, seduz,
Como nas trevas da noite
Se brilha ao longe uma luz.
Fala... sua voz é saltério;
São gratos hinos a Deus;
São acentos misteriosos;
Que sobem puros aos céus.
Se nos sorri, — seu sorriso,
São ternos votos de amor;
São como gota de orvalho
De leve beijando a flor.
P’ra que amores na terra,
Se amo ao meu ideal?
Amores que cavam prantos,
Amores que fazem mal!...
E teço-lhe grinalda de poesia,
Singela, e odorosa;
E dos anjos escuto a melodia
A voz harmoniosa.
E um doce ambiente se respira,
E mais doce langor;
Expande-se meu peito — a alma suspira
Ofegante de amor.
E a música celeste recomeça
Ao som de nosso amor:
Mistério! A lua é pura... a flor começa
A vestir-se de odor.
É tudo belo... toda a relva é flor,
Todo o ar poesia!
O prazer é do céu... aí o amor
É hino de harmonia.
Que importa que sejam sonhos
Os meus amores? Pois bem,
Eu quero amores sonhando,
Não quero amar mais ninguém.
Maria Firmina dos Reis, in "Cantos à beira-mar",
São Luís do Maranhão, 1871
“Se você ama, sofre. Se não ama, adoece.”
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