Jimmy Ernst (American painter born in Germany, 1920-1984), Abstraction in green and black, 1946
Távola
Teu carro parado
nada tem a ver com as pirâmides
nem com o percurso das aves. Não
conhece o monumento
dos séculos, a ilustração
das capas dos filósofos ou
dos cavaleiros prediletos
de um rei transparente. A sombra
da tua voz não fala dos poetas
crucificados nos próprios versos
nem da arquitetura
de uma humanidade exilada.
A mala do teu carro
leva palavras vazias. Não tem
lugar para os pássaros.
Luís Adriano Carlos,
Poesia digital - 7 poetas dos anos 80,
Campo das Letras, 2002
Teu carro parado
nada tem a ver com as pirâmides
nem com o percurso das aves. Não
conhece o monumento
dos séculos, a ilustração
das capas dos filósofos ou
dos cavaleiros prediletos
de um rei transparente. A sombra
da tua voz não fala dos poetas
crucificados nos próprios versos
nem da arquitetura
de uma humanidade exilada.
A mala do teu carro
leva palavras vazias. Não tem
lugar para os pássaros.
Luís Adriano Carlos,
Poesia digital - 7 poetas dos anos 80,
Campo das Letras, 2002
Jimmy Ernst, Paysage, 1942
Artes
"Somos pessoas racionais, animais racionais, se bem que a nossa animalidade seja discutível. Porém, os artistas não criam em função da razão ou do bom senso. Criam em função de um estímulo de qualquer coisa, que os ofusca e interroga. E, se tem uma tradução imagética, essa tradução é a primeira manifestação de arte propriamente dita. A essência da arte é a mimesis. Estamos cercados de objetos e tentamos perceber de que é que eles nos falam. Com exceção da música, as artes são imitativas e nasceram de uma cópia da própria natureza."
Eduardo Lourenço, in Expresso, 2017 (daqui)
"Nunca sabemos o que verdadeiramente nos move. Gostava de acabar os dias reconciliado com o mundo, e sobretudo saber que mundo foi este em que vivi e o que é a vida. Sei disso tanto agora que tenho quase cem anos como quando tinha dois anos."
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