domingo, 23 de julho de 2023

"A Magnólia" - Poema de Luiza Neto Jorge


Eva Gonzalès (French Impressionist painter, 1849 –1883),
Portrait of a Woman in White, 1879, Private collection.
 

A Magnólia 


A exaltação do mínimo,
e o magnífico relâmpago
do acontecimento mestre
restituem-me a forma
o meu resplendor.

Um diminuto berço me recolhe
onde a palavra se elide
na matéria — na metáfora —
necessária, e leve, a cada um
onde se ecoa e resvala.

A magnólia,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exaltado aroma
perdido na tempestade,

um mínimo ente magnífico
desfolhando relâmpagos
sobre mim. 


Luiza Neto Jorge
, in Poesia,
Assírio & Alvim, Lisboa, 2001.


Luiza Neto Jorge, Poesia. Editor: Assírio & Alvim
Edição/reimpressão: 04-2023 



SINOPSE
 
Com edição de Fernando Cabral Martins e colaboração de Manuele Masini, esta Poesia de Luiza Neto Jorge, revista e aumentando a recolha anterior, contém: «A primeira recolha da poesia de Luiza Neto Jorge é Os Sítios Sitiados, em 1973, preparada pela poeta, seguida de A Lume, em 1989, já concluída por Manuel João Gomes. A forma final dos poemas e a sua ordenação é a que é definida nessas recolhas. 
Esta edição de Poesia, a terceira, corrige e aumenta as duas anteriores (de 1993 e 2001). Reúne mais textos dispersos em diferentes publicações, e ainda poemas que aparecem nas edições originais de A Noite Vertebrada, Quarta Dimensão e Terra Imóvel, mas que não vêm integrados depois em Os Sítios Sitiados. Excluem-se um poema e alguns versos de outros dois, publicados em Terra Imóvel, dado aparecerem riscados pela poeta no seu exemplar de mão.» (daqui)
 

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