quinta-feira, 27 de julho de 2023

"Misticismo humano" - Poema de António Gomes Leal


Ayres Ferreira (Pintor naturalista português, 1908-1997), Trecho do Vouga, 1960


Misticismo humano


A alma é como a noite escura, imensa e azul,
Tem o vago, o sinistro, e os cânticos do sul,
Como os cantos d’amor serenos das ceifeiras
Que cantam ao luar, à noite pelas eiras…
Às vezes vem a névoa à alma satisfeita,
E cai sombria, vaga, e miúda e desfeita…
E como a folha morta em lagos sonolentos
As nossas ilusões vão-se nos desalentos!

Tem um poder imenso as coisas na tristeza!
Homem! conheces tu o que é a natureza?…
– É tudo o que nos cerca – é o azul, o escuro,
É o cipreste esguio, a planta, o cedro duro,
A folha, o tronco, a flor, os ramos friorentos,
É a floresta espessa esguedelhada aos ventos;
Não entra o vício aqui com beijos dissolutos,
Nem as lendas do mal, nem os choros dos lutos!…

– E os que viram passar serenos os seus dias…
E curvados se vão, às longas ventanias,
Cheio o peito de sol, através das florestas,
À calma do meio-dia… e dormiam as sestas,
Tranquilos sobre a eira, entre as ervas nas leivas…
Vão cansados depois, entre os ramos e as seivas,
Outra vez sob o Sol – a sua eterna crença! –
Em frutos ressurgir à natureza imensa,
E, aos beijos do luar, descansarem felizes,
Da bem-amada ao pé, no meio das raízes!

Morrer é livramento! oh deve saber bem
Sentir-se dilatar na Natureza mãe!
Ser tronco, ramo ou flor, nuvem, erva ou alfombra,
A rosa que perfuma, a árvore que dá sombra!
Estremecer na encosta às noturnas geadas,
E recortar o azul das noites consteladas!

Oh pelo claro azul dessas noites serenas,
Que o segador trigueiro entoa as cantilenas,
Tristes como a lua e o espinho dos martírios,
E que através do azul parecem cair lírios!…
Quando a brisa levanta as folhas indiscretas,
Noivam os rouxinóis e se abrem as violetas…
E a Natureza tem como um sabor de beijos,
Que obriga a soluçar a alma de desejos!…

Que segredos dirão nas brisas mensageiras,
À doçura da lua, a flor das laranjeiras,
O lírio, a madressilva, os jasmins vacilantes,
Que foram já, talvez, seios fortes e amantes,
E que hoje à branca luz dos mirtos siderais,
Conversam sobre o amor e os gozos ideais
Do tempo, que a falar corriam breve as horas,
Que seus olhos leais tinham a cor d’amoras,
E debaixo do Céu teciam longas danças,
Ao pé da amante meiga e de compridas tranças!…

No lago sonolento a flor do nenúfar
Talvez é um coração que abre para chorar!
O lírio um seio bom, – e as violetas curvadas
São os olhos talvez das doces bem-amadas!…

Feliz o semeador que vive entre os arados,
O campo, os lentos bois, longe dos povoados,
Entre os rijos irmãos humildes e trigueiros,
Que vivem sob o sol, à chuva, aos nevoeiros,
E quando à noite finda os suarentos trabalhos,
Vem a doce mulher buscá-lo nos atalhos,
Cujo olhar como a lua é tranquilo e consola,
E descanta chorando à noite na viola!…

E os que andam pelo mar, alegres e contentes,
Entre as ondas e o Céu, saudosos, negligentes,
Entre os cantos do vento, olhos fitos nos céus,
Entre o azul, o escuro, e os frios escarcéus,
Ombro a ombro o abismo, – abismo sempre aos pés,
Que dormem à poesia, à lua das marés,
E morrem uma noite, ó mar, aos teus embalos,
Deixando uns olhos bons e meigos a chorá-los!

Eu por mim não terei um astro bom nos Céus,
Nem uns olhos leais que chorem pelos meus,
E que inda a fronte mal me obscureça a mágoa,
Como espelhos d’amor já sejam rasos d’água!…
Sozinho passarei, e não irei jamais,
Pelas murtas com ela às tardes outonais;
De inverno não terei os consolos do lar,
Nem do estio a doçura imensa do luar;
Meus filhos não irão jamais colher os ninhos;
Ninguém virá à tarde esperar-me nos caminhos!


António Gomes Leal, in Claridades do sul, 1875

 


Gomes Leal
(Album Republicano, 1908)


António Duarte Gomes Leal nasce em Lisboa em 1848. Filho ilegítimo de um funcionário público, vive com a mãe e a irmã, a sua principal fonte de inspiração. No ano da morte de sua irmã, em 1875, publica Claridades do Sul, a sua primeira obra poética. Quando a mãe morre, converte-se ao catolicismo, o que tem influência na sua obra. Poeta e jornalista, é escrevente de um notário e publica inúmeros textos panfletários de denúncia político-social. 

A sua poesia oscila entre os três grandes paradigmas literários do final do século XIX: romantismo, parnasianismo e simbolismo. De 1899 a 1910, compõe e publica quase diariamente. Termina os seus dias na miséria, primeiramente vivendo da caridade alheia, na rua, e depois sustentando-se com uma pensão anual do Estado português que lhe foi conseguida por um grupo de amigos, dos quais se destaca Teixeira de Pascoaes. Morre em 1921.

Gomes Leal é considerado um precursor do Modernismo Português, tendo sido referido por Fernando Pessoa como um dos seus mestres. Este dedica-lhe o soneto Gomes Leal, publicado pela Ática na edição das Obras Completas de Fernando Pessoa, em 1967. 

Apesar de se mover literária e pessoalmente nos círculos próximos da Geração de 70, não integra o grupo dos “Vencidos da Vida”, referindo, porém, o apreço que Eça de Queirós e Antero de Quental lhe dedicam, num comentário feito pelo próprio Gomes Leal na obra “A Morte do Rei Humberto” (1900), citado por Gomes Monteiro, em O Drama de Gomes Leal. Com inéditos do Poeta. Gomes Leal tem aliás o cuidado de se distanciar das correntes estéticas da altura, fazendo-o nomeadamente na Nota a Claridades do Sul, acrescentada e publicada na segunda edição, em 1901. Na Nota a “A Morte do Rei Humberto”, Gomes Leal afirma ter publicado antes de Fradique Mendes na Revolução de Setembro e assevera ter sido contactado por Antero de Quental para assinar textos daquele pseudónimo, o que recusou. Na referida Nota, menciona que Cesário Verde tece encómios à poesia de Claridades do Sul

Gomes Leal estreou-se aos dezoito anos, em 1866, publicando a poesia “Aquela Morta”, na Gazeta de Portugal. Em 1869, publica o folhetim "Trevas" na Revolução de Setembro.
O cariz interventivo da sua obra é marcado não só pelos folhetins publicados nos jornais, mas também pela fundação do jornal satírico O Espectro Juvenal, em 1872, em parceria com Magalhães Lima, Silva Pinto, Luciano Cordeiro e Guilherme de Azevedo. É também um dos fundadores do jornal O Século (1881). Aí publica, por exemplo, “A banalidade nacional irritada” (30 de janeiro de 1881). 

Poeta joco-satírico, são deste autor vários textos que vieram a lume na Revolução de Setembro, dos quais destacamos “A batalha dos astros” (20 de abril de 1870); “Descrença” (31 de agosto de 1870); “Flor de perdição” (2 de outubro de 1870); “No Calvário” (outubro de 1870). Em 1873, publica “O Tributo de Sangue” e “A Canalha”. Em 1874, um ano antes da primeira edição de Claridades do Sul, escreve para o Diário de Notícias (19 de maio) “Duas palavras sobre a poesia moderna”, onde reflete sobre a utilidade que a poesia deve ter face às atribulações morais do final do século. 

Em 1875 sai a primeira edição de Claridades do Sul, cuja segunda edição é de 1901. Para celebrar Camões e Bocage, publica “A Fome de Camões” (1880) e “A Morte de Bocage” (1881). Datam igualmente de 1881 os panfletos poéticos “A Traição” e “O Herege”, pondo em causa o trono na pessoa do rei D. Luís, as Instituições burguesas e a Igreja, o que gerou um verdadeiro escândalo literário e político. Aliás, o primeiro texto leva-o à prisão do Limoeiro, onde escreve uma carta publicada no número comemorativo da Tomada da Bastilha de O Século (14/7/1881). A edição do almanaque O António Maria de 7 de julho de 1881 é dedicada por Bordalo Pinheiro a Gomes Leal. 

Outros poemas da sua autoria são “O Renegado” (1881), "A Orgia" (1882), “História de Jesus para as criancinhas lerem” (1883), “O Anti-Cristo” (1884 e 1886), “Fim de Um Mundo” (1899), “Serenadas de Hilário no Céu” (1900), “A Mulher de Luto” (1902), "Mefistófeles em Lisboa" (1907) “A Senhora da Melancolia” (1910). Publica até tarde. Data de março de 1915 o poema “A Dama Branca” que vem a lume na Águia

Na sua obra poética e panfletária, este poeta finissecular manifesta apego a entidades históricas e religiosas, numa atitude por vezes pessimista e acusadora. Todavia, é através desse apelo à História que procura um sentido para a vida. Este tipo de poesia enquadra-se na estética parnasiana cujas preocupações, além das de ordem formal e plástica, se inscrevem na procura da pureza original dos tempos, da História. Como exemplo, surgem as poesias de Claridades do Sul “Os Santos”; “D. Quixote”; “O Publicano”; “A Lira de Nero”; “Caim”; “A Lenda das Rosas”; “O Triste Monge” e “A Senhora de Brabante”. Ainda em Claridades do Sul, muitos dos seus poemas refletem sentimentos de desalento e aflição relacionados com a temática da miséria e da pobreza, num tom neorromântico do poema “As Aldeias”, “Misticismo Humano” e “De Noite”; outros refletem sobre a imagética feminina romântica, como em “Romantismo”; “Idílio Triste” e “Senhora dos olhos verdes”

Por outro lado, a dimensão decadentista-simbolista dessa obra de Gomes Leal leva a que se considere este poeta como o “verdadeiro precursor do Decadentismo em Portugal”, nas palavras de Seabra Pereira. “Licantropia” e “Aquela Orgia” são dois poemas que se inscrevem nessa tendência marcadamente simbolista que assumem algumas composições deste autor. 

A filiação de Gomes Leal em Baudelaire é um dos tópicos mais tratados, porque o poeta português se inspirou no mestre das correspondências. De facto, Gomes Leal trabalha com mestria a ideia das “correspondances” do romântico francês nos quatro sonetos de Claridades do Sul intitulados “O Visionário ou Som e Cor”. 
 
A perspetiva do poeta enquanto ser incompreendido e infeliz surge em vários textos de Gomes Leal, composições poéticas em que o sujeito lírico se assume como alguém singularmente distante do comum dos mortais. Não se distanciando da visão romântica do poeta, Gomes Leal define-se como um génio inadaptado à sociedade, num misticismo visionário. Inúmeros são os exemplos desta perspetiva do “poeta proscrito e infeliz”, como “Soneto dum poeta morto”, “Aquele Sábio”, “El Desdichado” e “Noites de Chuva” de Claridades do Sul

Outra característica deste poeta finissecular prende-se com a preocupação que manifesta em relação aos seus leitores, nomeadamente na Nota à primeira edição e acrescentada na segunda edição de Claridades do Sul (1901). Aí debruça-se sobre a tarefa do escritor explicitando que a este compete “trabalhar a sua ideia, lapidá-la, poli-la, desenvolvê-la, facetá-la, de maneira que ela seja como um grande elo em que se vão encatenar um rosário luminoso doutras novas, e que ela saia transformada desse vasto laboratório intelectual, por um processo misterioso semelhante ao que dá a Natureza, transformando da lagarta a borboleta, do carvão o diamante, e da ostra doente a pérola.” 

Na poesia de Gomes Leal confluem o Ultra-Romantismo, o satanismo byroniano, as correspondências baudeleirianas, o Parnasianismo e o Simbolismo. Há ainda alguns elementos que deixam já adivinhar o Surrealismo. 

Respondendo ao Inquérito Literário organizado por Boavida Portugal (realizado entre setembro e dezembro de 1912 e publicado em 1915), Gomes Leal afirma: “Em mim há três coisas: o poeta popular e de combate, nas sátiras e panfletos; o poeta do sonho e do mistério, na Nevrose Nocturna, nas Claridades do Sul, na Lua morta e na Mulher de Luto; e o poeta místico, na História de Jesus, na Senhora da Melancolia e no segundo Anti-Cristo.” 

No número 2 da ABC – Revista portuguesa (22 de julho de 1920), sob o título “O grande poeta Gomes Leal faz a sua biografia ao A B C, publica o Soneto autobiográfico”, que transcrevemos, antecedido do seguinte texto:

Gomes Leal, o poeta ilustre, que é uma glória nacional, quis dar ao A B C uma impressão da sua vida, da sua ação, das suas lutas. Em vez duma entrevista foram aos seus versos lapidares que chegaram a explicar como se passou uma infância, uma velhice e como a velhice chegou com as suas dores a focar essa cabeça coroada de louros. Só Gomes Leal poderia definir o que A B C desejava saber: a vida do primeiro poeta português.

Outrora, outrora, em épocas passadas,
Tive uma santa Mãe de ideias maneiras,
Um reto Pai de barbas prateadas,
Tive prédios, jardins, fontes, roseiras.

Nos colégios, nas aulas, nas bancadas,
Não quebrei bancos, não parti carteiras;
Fiz bons exames, contas, tabuadas,
Mais tarde amei patrícias feiticeiras.

Fui amigo do Eça e do Ramalho,
João de Deus, mais do excêntrico Fialho,
E tive que emigrar para o estrangeiro.

Chorei, gemi! Qual Dante nas estradas!
E ao regressar, por causas avanças,
- fui por três vezes parar ao Limoeiro.

(daqui)


Luiz Costa
- 3 Peças p/ Piano, Op. 1
Bruno Belthoise
, piano 
[Imagem: "Trecho do Vouga" pintura de Ayres Ferreira]


Ayres Ferreira (1908?-1997) estudou desenho, pintura e gravura na Escola de Belas-Artes onde conheceu o grande mestre impressionista António Saúde (1875-1958) que exerceu nele profunda influência. O mestre tinha, de facto, regressado empolgado de Paris onde tinha observado as mais recentes criações impressionistas francesas. Esse entusiasmo passou-o ele a Ayres Ferreira. Grande amante da Natureza, António Saúde tinha no seu estudante, de quem ele se tornara amigo, uma espontânea e verdadeira aceitação das suas propostas. De conhecida intolerância, António Saúde foi o mais severo crítico do seu aluno e obrigava-o a destruir qualquer trabalho com um mínimo erro. Entretanto, Ayres Ferreira, decidiu dedicar-se à gravura na qual trabalhava há muitos anos. Contudo, nunca deixou de pintar sob as orientações do grande mestre. Só em 1952 realizou a sua primeira exposição. Desde então a carreira de Ayres Ferreira foi marcada por uma grande atividade nos círculos artísticos portugueses.
Foi durante vários anos membro dirigente da Sociedade Nacional de Belas-Artes. De 1957 a 1959 fez parte do júri dos Salões da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Em 1958 foi presidente do júri de admissão e classificação do Salão de Inverno da Sociedade Nacional de Belas-Artes. De 1959 a 1969 foi diretor do Grupo dos Artistas Portugueses. Em 1960 foi membro do júri da Exposição de Pintura Contemporânea, em Lamego, patrocinada pela Fundação Calouste Gulbenkian. (daqui)
 
 
Luiz Costa
 

Luiz Costa (Barcelos, Monte de Fralães, 25 de setembro 1879 — Porto, 7 de janeiro de 1960) foi um dos mais proeminentes pianistas e compositores portugueses do seu tempo. Faz parte da primeira geração de professores de piano do Conservatório de Música do Porto e exerceu o cargo de diretor entre 1933 e 1934.
A sua intensa atividade pedagógica repartia-se pelo cargo que exerceu como professor de piano do Conservatório de Música do Porto desde a sua fundação (1917) até 1949 e pelas inúmeras aulas particulares que fornecia em sua casa, deixando uma marca indelével na formação de toda uma geração de pianistas portugueses com destaque para Berta Alves de Souza, Hélia Soveral e Helena Sá e Costa.
Formado na Alemanha entre 1905 e 1907, onde estudou com Vianna da Mota, Bernhard Stavenhagen, Conrad Ansorge e Ferrucio Busoni, representantes da Nova Escola Alemã de Piano, fundada por Franz Liszt, desenvolveu uma intensa carreira a solo e de música de câmara tendo-se apresentado ao lado de músicos como Casals, Guilhermina Suggia, Cortot, Enesco ou Friedman.
Salienta-se também a atividade como presidente da Sociedade de Concertos Orpheon Portuense, promovendo na cidade do Porto concertos com alguns dos maiores nomes da música como Ravel, Arrau, Backhaus, Landowska, Fischer, entre tantos outros. 
Luiz Costa é também um dos compositores mais representativos do modernismo português, colhendo influências múltiplas para as suas criações, como a poesia de Corrêa de Oliveira e de Teixeira de Pascoaes, a escultura de Teixeira Lopes, assim como a atmosfera campesina do Minho sua terra natal. (daqui)
 
 

 
Bruno Belthoise (Paris, n. 1964), pianista e improvisador,  foi distinguido pela Fundação Laurent-Vibert e recebeu o Prémio da Fondation de France em 1988. Obteve o “Diplôme Supérieur d’Exécution“ em Piano na École Normale de Musique de Paris em 1989 e foi “Révélation Classique ADAMI” em 1997. Aperfeiçoou a sua formação em França com Françoise Buffet-Arsenijevic, Bruno Rigutto e François-René Duchâble, em Portugal com Helena Sá e Costa. 
Solista e membro do Trio Pangea, estreou várias obras de compositores como Emmanuel Hieaux, Alexandre Delgado, Bernard de Vienne ou Sérgio Azevedo. A sua discografia inclui uma vintena de CDs que acompanham a sua carreira, tem sido também convidado a participar em numerosos recitais e formações de música de câmara pelo mundo. Na radiodifusão, participou em programações da France-Musique, da Saarländischer Rundfunk, e da Antena 2. 
Bruno Belthoise é também contador de histórias associadas, produziu para o público jovem diversos concertos narrados e gravou vários álbums. Descobridor de partituras, tem dado a conhecer a música de compositores portugueses através de recitais e conferências. Na sua carreira tem sido apoiado por instituições como a Fundação Calouste Gulbenkian, o Instituto Camões, a RDP-Antena 2 e a Fundação GDA. (daqui)
 

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