sábado, 2 de novembro de 2024

"A solidão e sua porta" - Poema de Carlos Pena Filho


Georg Scholz (German painter, member of the New Objectivity movement, 1890 –1945),
Self-Portrait in front of an Advertising Column, 1926.
 


A solidão e sua porta

A Francisco Brennand

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.


 Carlos Pena Filho, in "Livro Geral", 1959.
 
 
Georg Scholz, Newspaper Carriers (Work Disgraces), 1921.
 

"Considero como uma das felicidades da minha vida não escrever nos jornais; isto prejudica a minha bolsa, mas faz bem à minha consciência - que é o principal".


Gustave Flaubert
- Lettres inédites à la Princesse Mathilde - Página 15,
Louis Conard, 1927 - 236 páginas.

Sem comentários: