Leopoldo Gotuzzo (Pintor brasileiro, 1887–1983), Paisagem do Rio de Janeiro, 1938.
A árvore dos poemas
Quando a árvore dos poemas não dá poemas,
Seus galhos se contorcem todos como mãos de enterrados vivos,
Os galhos desnudos, ressecos, sem o perdão de Deus!
E, depois, meu Deus, essa lenta procissão de almas retirantes…
De vez em quando uma tomba, exausta à beira do caminho,
Porque ninguém lhe chega ao lábio o frescor de cântaro,
A doçura de fruto que poderia haver num poema.
Maldita a geração sem poetas que deixa as almas seguirem
Seguirem como animais em estúpida migração!
Quando a árvore dos poemas não dá poemas,
Qual será o destino das almas?
Mário Quintana, in "Baú de Espantos",
Seus galhos se contorcem todos como mãos de enterrados vivos,
Os galhos desnudos, ressecos, sem o perdão de Deus!
E, depois, meu Deus, essa lenta procissão de almas retirantes…
De vez em quando uma tomba, exausta à beira do caminho,
Porque ninguém lhe chega ao lábio o frescor de cântaro,
A doçura de fruto que poderia haver num poema.
Maldita a geração sem poetas que deixa as almas seguirem
Seguirem como animais em estúpida migração!
Quando a árvore dos poemas não dá poemas,
Qual será o destino das almas?
Mário Quintana, in "Baú de Espantos",
Porto Alegre - Editora do Globo, 1986.
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