terça-feira, 18 de outubro de 2011

"Nunca Mais" - Poema de Saúl Dias (Pseudónimo de Júlio Maria dos Reis Pereira)


Júlio, Tarde de festa (1925)



Nunca Mais


Passa um dia,
e outro a correr atrás dele
e outro e outro...
O tempo a todos impele,
tal o vento
levando, em doida correria,
revoadas de folhas outonais,
folhas de calendários sempre iguais,
uma a uma arrancadas,
perdidas nas estradas...
Nunca mais... Nunca mais...


(Pseudónimo de Júlio Maria dos Reis Pereira)
in Essência



Júlio Maria dos Reis Pereira


Saul Dias, poeta e artista plástico português, de nome verdadeiro Júlio Maria dos Reis Pereira, nasceu a 1 de novembro de 1902, em Vila do Conde, e faleceu a 17 de janeiro de 1983, na mesma cidade. Formou-se em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto. Conviveu, por intermédio do seu irmão, José Régio, com alguns dos nomes que integraram a geração da Presença.
Conhecido sobretudo como artista plástico, sob o nome de Júlio, os seus quadros foram expostos em inúmeras exposições individuais e coletivas, editou dois álbuns de desenhos (Música, Domingo), ilustrou as suas obras poéticas e as de outros poetas presencistas. Como poeta e como artista, colaborou em diversas publicações, como Presença, Revista de Portugal, Sudoeste, Atlântico, Távola Redonda, Panorama, Vértice, Síntese, Cadernos de Poesia, Cadernos do Meio-Dia, O Comércio do Porto, Jornal de Notícias, Diário de Lisboa. 
Como poeta da geração da Presença, a poesia de Saul Dias, seu pseudónimo, comunga de caracteres associados a uma estética presencista, como a obediência à sinceridade e ao "coração" ("É só com sangue que se escrevem versos."), o subjetivismo ou o influxo do expressionismo. Linguagem icónica e palavra poética assumem, na obra deste autor, uma complementaridade, seja por uma poesia que investe reiteradamente nas sensações cromáticas e sinestésicas, no visualismo das cenas e imagens feminis evocadas, seja por uma obra pictórica que consagrou a figura do "Poeta", num todo que se distingue pela delicadeza, pela simplicidade quase onírica, por uma visão ao mesmo tempo encantada, melancólica e levemente amarga da realidade. Da sua poesia, que trata liricamente temas como a adolescência e a vida da província, destacam-se as obras Mais e Mais... (1932), Tanto (1934) e Sangue (1952).) (Daqui)



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