quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Um breve olhar" - Poema de Afonso Lopes Vieira


Rio Douro, Porto, Portugal, fotografia de Rui Videira
 


Um breve olhar 


Lá em cima, no ar
Sobre a monotonia destas casas
Sulcando, sereníssimas, os céus,
Abrem a larga rima das suas asas,
Lenços brancos do azul, dizendo adeus
Ao vento e ao mar.

Eu fico a vê-las
E meus olhos, de as verem, vão partindo
E fugindo com elas;
E a segui-las eu penso,
Enquanto o olhar no azul se espraia e prega,
Que há uma graça, que há um sonho imenso
Em tudo o que flutua e que navega…

Para onde se desterram as gaivotas,
Contra o vento vogando, altas e belas
Essas voantes e pairantes frotas,
Essas vivas e alvas caravelas?

Vão para longe… E lá desaparecem,
Ao largo, por detrás do monte;
E os nossos olhos olham e entristecem
Com as vagas saudades que merecem
As coisas que se somem no horizonte!


Afonso Lopes Vieira, in "Canção do Vento"
(Leiria, 26 de janeiro de 1878 - Lisboa, 1946)


Avril Lavigne - Wish You Were Here


"A simplicidade de carácter é o resultado natural de profundo raciocínio."



William Hazlitt, Autorretrato, c. 1802


"As pessoas mais silenciosas geralmente são aquelas que pensam o melhor de si mesmas."

(William Hazlitt)

William Hazlitt (1778–1830) foi um ensaísta, crítico dramático e literário, pintor, comentarista social e filósofo inglês. Ele agora é considerado um dos maiores críticos e ensaístas da história da língua inglesa, colocado na companhia de Samuel Johnson e George Orwell. Também é reconhecido como o melhor crítico de arte de sua época.
 

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